quarta-feira, agosto 31, 2005

Causas da decadência da Democracia Portuguesa II – 1910-1926

«Em todas estas classes se encontra com efeito a mesma opinião expressa pela mesma fórmula: - “isto assim não pode continuar! “Isto” é a desorganização administrativa, política e económica». ([1]) Eça de Queirós

Instaurado o regime republicano inicia-se um período de intolerância contra as instituições monárquicas e religiosas acusadas, aliás injustamente, de todas as responsabilidades pelo caos e anarquia que reinaram no séc. XIX. O caos, a anarquia, a corrupção e a falta de visão estratégica não estavam afinal no regime mas sim nas pessoas, como depois se pôde constatar…

O texto constitucional foi aprovado, após largo debate, em 21 de Agosto de 1911, pela Assembleia Nacional Constituinte, eleita por sufrágio directo, em consequência da revolução republicana de Outubro de 1910. Em 1915, durante a breve ditadura de Pimenta de Castro, foi suspensa. Em 1917, em virtude da revolta militar de 5 de Dezembro, Sidónio Pais quebrou por uma forma mais perdurável a legalidade constitucional, fazendo publicar, ditatorialmente, o Decreto n.º 3997, que veio instituir uma orientação presidencialista, anti-parlamentar e acentuadamente autocrática. Mas em seguida à morte do Ditador (14­12-1918) o Congresso repôs em vigor a Constituição de 1911. A Constituição veio a ser revista pela primeira vez em 1916. Por sucessivas leis de 1919, 1920 e 1921, a Constituição foi sujeita a alterações, sendo as mais importantes: o direito concedido ao presidente da República de dissolver as Câmaras; a regulamentação escrita dos poderes do Governo durante o período de dissolução do Congresso; a aprovação das bases da reforma da administração ultramarina, no sentido duma larga autonomia.
As principais fontes daquele texto são a Constituição Republicana brasileira de Fevereiro de 1891 e as Constituições do nosso regime liberal, sobretudo a de 1822, que é a mais radical de todas. Exerceu também considerável influência no texto constitucional de 1911 o programa do Partido Republicano. O poder legislativo é exercido pelo Congresso da República, formado por duas Câmaras, que se denominam Câmara dos Deputados e Senado, eleitas pelo sufrágio directo dos cidadãos eleitores. Os deputados são eleitos por três anos e os senadores por seis anos. Ao Congresso compete entre outras funções: Eleger o Presidente da República, deliberar sobre a revisão da Constituição. A secção II do título III trata do poder executivo. Este é exercido pelo Presidente da República e pelos ministros. (
[2])

São promulgados os decretos que expulsam os Jesuítas e encerram os conventos, tanto os masculinos como os femininos. Os presos pertencentes a associações secretas são libertados. O objectivo é libertar os membros da Carbonária, a organização bombista republicana. As perseguições religiosas, durante a primeira semana de governo republicano, fazem com que nas prisões de Lisboa estejam encarcerados 128 padres e 233 freiras, tendo sido assassinados dois padres lazaristas. Na Universidade de Coimbra a Sala dos Capelos é destruída, e os retratos dos reis D. Carlos e D. Manuel baleados, no decurso de uma manifestação contra os professores monárquicos e a universidade fradesca. O direito à greve e ao lock-out é severamente restringido, por um decreto que ficará conhecido pelo decreto burla. A Carbonária manifesta-se em Lisboa contra o movimento grevista, fazendo desfilar os chamados batalhões de voluntários da República. O culto católico é proibido na capela da Universidade de Coimbra. Continuação da repressão política, com a destruição do Centro Académico de Democracia Cristã. A Lei do recrutamento instaura teoricamente, mas não de facto, o recrutamento universal. O sistema oficial das remissões – pagamento de um substituto – acaba, mas é substituído pelo sistema - corrupto – de pagamento para se ficar «não apto». Em Março de 1911 abre-se um conflito entre Afonso Costa, que enquanto ministro da Justiça estava encarregado de supervisionar os Cultos, e os bispos, devido à pastoral de 23 de Fevereiro, que o ministro queria ter censurado previamente, afirmando que negava o beneplácito do governo, o antigo beneplácito régio, vindo do século XIV. Promulga-se a Lei eleitoral. O sufrágio universal, uma das principais bandeiras do partido republicano, não é estabelecido. Lançam-se bombas sobre o cortejo de homenagem a Camões, que era constituído fundamentalmente por crianças. O governo Afonso Costa retira o direito de voto aos chefes de família analfabetos. O sufrágio universal continua a não ser aplicado em Portugal, ao contrário de países como a Alemanha, Itália, Áustria, Montenegro, Suécia e Suiça. O número de eleitores continua igual ao existente no tempo da monarquia. O presidente da república, Manuel de Arriaga, demite o governo do partido democrático e encarrega, em ditadura, isto é, sem que o Congresso tivesse em sessão, o general Pimenta de Castro de formar um novo governo com intenção de preparar eleições. A participação dos militares nos assuntos políticos torna-se cada vez maior. Os deputados do Partido Democrático de Afonso Costa são proibidos de entrar no Parlamento. Os deputados e senadores democráticos reunidos em Loures, no Palácio da Mitra, aprovam uma moção declarando o ministério fora-da-lei. Em Lisboa, grupos tumultuosos de pessoas assaltam armazéns e padarias à procura de comida. Aproveitando a situação republicanos civis e militares levam a efeito um movimento revolucionário que provoca centenas de mortos e feridos. Afonso Costa sofre um traumatismo craniano quando se atira para fora de um eléctrico devido ao medo de um atentado bombista. Vários professores de Coimbra são suspensos, entre os quais Salazar, Fezas Vital, Magalhães Colaço e Carneiro Pacheco, Diogo Pacheco de Amorim e Mendes dos Remédios. Nova lei do arrendamento, que proíbe o aumento das rendas de casa. Decreto do governo repõe em vigor uma lei de João Franco – a célebre lei celerada – contra os delitos de tipo social. O novo diploma pune bombistas, com possibilidade de degredo para o Ultramar. Em 11 de Maio de 1919 realizam-se as eleições, marcadas para 13 de Abril mas adiadas, com vitória dos democráticos. Apenas 7% dos eleitores participaram. O governo escolhido por Fernandes Costa não chega a tomar posse, face a uma manifestação de rua, dirigida pelos radicais do partido democrático, conhecidos pelo nome colectivo de «formiga branca». Continuam os atentados terroristas e as greves. O ministro das finanças Cunha Leal reconhece que Portugal se encontra sem recursos em Lisboa e a descoberto em Londres, afirmando que o país está «sem recursos necessários para comprar o pão-nosso de cada dia». Golpe de 19 de Outubro de 1921, conhecido pela Noite Sangrenta. São assassinados António Granjo, Machado dos Santos, Carlos da Maia, Freitas da Silva, Botelho de Vasconcelos, entre outros. O assassino de Sidónio Pais é libertado e homenageado. O coronel Manuel Maria Coelho é empossado na presidência do governo por António José de Almeida. O golpe é promovido por radicais e dissidentes do partido democrático. A 28 de Abril de 1922 com a promulgação da Lei do garrote são suspensas novas entradas na função pública. Devido à proibição pela censura da peça de teatro Mar Alto, de António Ferro, Fernando Pessoa, Raul Brandão, António Sérgio, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro divulgam um protesto público… ([3])
Durante toda 1ª República, para além de numerosas greves, assassinatos políticos, terrorismo bombista houve, uma constante instabilidade política motivada, raríssimas vezes, por monárquicos descontentes, mas na sua larga maioria pela cegueira e ambição política dos próprios republicanos, incapazes de se entenderem e fazerem um pacto de regime! Tal como agora, a inexistência duma cultura democrática e sobretudo a ambição pessoal e o poder, sobrepunham-se aos interesses do povo e do país!
Foram estes os motivos, para além da ambição dos militares e a inépcia dos “democratas” de então, que conduziram à revolta militar de 1926, que com o inegável apoio dum país, cansado de violência e instabilidade, conduziu à Ditadura Militar e ao Estado Novo.

[1] Eça de Queirós, «Novos Factores da Política Portuguesa», Revista de Portugal, Volume II, Abril de 1890, págs. 526 – 541.
[2] O Portal da História, http://www.arqnet.pt/portal/portugal/liberalismo/const911.html (3 de Agosto de 2005)
[3] O Portal da História, http://www.arqnet.pt/portal/portugal/liberalismo/lib1910.html (23 de Agosto de 2005)
Carlos F. Afonso
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segunda-feira, agosto 29, 2005

18

Vocês dizem "dez[ô]ito" ou "dez[ó]ito"?
E qual será a fonética correcta? Ou serão as duas?
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sábado, agosto 27, 2005

Causas da decadência da Democracia Portuguesa I – 1820 a 1910

«…entre nós têm-se visto governos que parecem absurdamente apostados em errar, errar de propósito, errar sempre, errar em tudo…» ([1]) Eça de Queirós


A palavra democracia significa sob o ponto de vista etimológico o governo exercido pelo povo. DEMOS quer dizer povo e KRATOS, autoridade ou governo.
Hoje em dia para além da forma de governo, a democracia envolve uma mentalidade democrática que implica, da parte dos cidadãos e governantes, o respeito pela dignidade, liberdades e direitos individuais.
O conceito vem-nos da Antiguidade, do séc. V antes de Cristo, quando nalgumas cidades gregas o poder era exercido de forma democrática e posteriormente reforçado, devemos reconhecê-lo, pelos princípios do Cristianismo, em que todas as pessoas eram iguais perante Deus, independentemente de serem escravos ou cidadãos livres. ([2])
Em Portugal essa forma de organização governativa foi inaugurada, com algumas interrupções, pela instauração do regime liberal de 1820, muito embora no aspecto teórico e formal sempre tenha havido, ainda que irregularmente, reuniões das Côrtes, em que o rei reunia com os representantes das forças vivas da nação, auscultando os desejos das diferentes classes sociais, mas sem carácter vinculativo ou qualquer poder de decisão.
Com o liberalismo e mais tarde o socialismo esperava-se que o cidadão, liberto das garras do absolutismo, ascendesse finalmente à liberdade, à igualdade e ao poder. Na verdade, é um facto que o Liberalismo pressupõe que todos os homens nascem iguais, tal como a Democracia, mas diferencia os mais aptos, pelo talento, pela inteligência, pela cultura e também pelo poder económico, como capazes de exercer o poder sobre os menos afortunados. ([3])
Com o Socialismo pretende-se, talvez de forma utópica, um verdadeiro equilíbrio social, governando-se em favor desses mais “desfavorecidos” quer intelectual quer socialmente. Estaríamos portanto perante uma forma mais avançada de Democracia, conceito com conotações diferentes entre comunistas e socialistas. Se para os comunistas o poder deve ser exercido pela criação revolucionária de uma oligarquia totalitária que supostamente defende os interesses dos desfavorecidos, para os socialistas esse poder deve ser exercido de forma democrática, lenta e progressivamente, por via reformista, não afrontando as classes sociais economicamente dominantes e procurando manter um equilíbrio social pacífico.
Os princípios da Revolução Francesa introduzidos na Península com a Constituição de Cadiz, foram a fonte inspiradora da Constituição de 1822. A sua radicalidade em relação ao Antigo Regime conduziu à Carta Constitucional de 26. A Carta Constitucional representou um compromisso entre a doutrina da soberania nacional, adoptada sem restrições pela Constituição de 1822, e o desejo de preservar os direitos régios, o que descontentou os vintistas, que eram mais radicais, e os absolutistas, bastante mais conservadores.

A Carta vigorou durante três períodos:
- O primeiro entre Julho de 1826 e Maio de 1828, data em que D. Miguel convocou os três Estados do Reino, que o aclamaram rei e decretaram nula a Carta Constitucional;
- O segundo iniciou-se em Agosto de 1834, com a vitória do Partido Liberal na Guerra Civil e a saída do País de D. Miguel, e termina com a revolução de Setembro de 1836, que proclama de novo a Constituição de 1822 até se elaborar nova Constituição, o que sucedeu em 1838;
- O terceiro período começa com o golpe de Estado de Costa Cabral, em Janeiro de 1842, e só termina em 1910, com a República. Durante este último período sofreu três revisões profundas, em 1852, 1885 e 1896. (
[4])

Quando o descrédito das instituições políticas monárquicas desceu a níveis considerados insustentáveis (?), implantou-se um regime republicano, teoricamente mais justo e democrático, com o anunciado intuito de modernizar a sociedade portuguesa.

A obra liberal de 1834 – convém nunca o perder de vista – foi inteiramente semelhante à obra republicana de 1910. Nos homens dessas duas invasões é idêntico o espírito de violência, de anarquismo e de extorsão. Dá-se todavia entre uns e outros uma considerável diferença de capacidade. Os de 34, de que faziam parte Herculano, Garrett e Castilho, eram espíritos oriundos da Academia da História, da livraria das Necessidades ([5]) e do colégio de S. Roque ([6]). Os novos revolucionários de 1910, com excepção honrosa dos que não sabem ler, não tiveram por decuriões senão os seus predecessores revolucionários liberais de 34. E daí para trás – o que quer dizer daí para cima – nunca abriram um livro com medo da infecção clerical, porque todos eles acreditam com fetichistico ardor que o clericalismo é o inimigo, … ([7])

[1] Eça de Queirós, «Novos Factores da Política Portuguesa», Revista de Portugal, Volume II, Abril de 1890, págs. 526 – 541.
[2] http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_politica.htm (terça-feira, 23 de Agosto de 2005)
[3] Fabrício Gustavo Dillemburg Democracia e Liberalismo: um estudo fundamentado em ideias de René Rémond. http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_texto&titulo_id=101 (terça-feira, 23 de Agosto de 2005)
[4] O Portal da História, http://www.arqnet.pt/portal/portugal/liberalismo/carta826.htm l (3 de Agosto de 2005)
[5] A «livraria», ou biblioteca, das Necessidades era uma biblioteca pública que servia o hospício da Congregação do Oratório, doado por D. João V em 1747, e onde se leccionava Doutrina Cristã, Gramática, Retórica, Teologia Moral e Filosofia, assim como aulas práticas de Física. Tornou-se no reinado de D. José I a escola preparatória preferida para os filhos dos altos dignitários da Corte.
[6] O Colégio de S. Roque, era o colégio dos noviços da Companhia de Jesus.
[7] Ramalho Ortigão, Carta de um velho a um novo. Carta dirigida a João do Amaral e publicada no diário A Restauração
Carlos F. Afonso
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quinta-feira, agosto 25, 2005

Non-Sense

Sendo Portugal um país de elevado índice de humidade, onde os incêndios florestais são raros, nada fazia prever que este ano, especialmente húmido, o país se transformasse na catástrofe que agora se nos apresenta.
Num país pobre investir em aviões cisterna seria uma insensatez imperdoável. Com muita lógica primeiro deve fazer-se investimentos altamente rentáveis, como os estádios de futebol e só depois se deve pensar em aplicar os lucros em trivialidades.
Tivemos o bom senso de seguir os conselhos de Paulo Portas e apetrechamos a marinha com novos submarinos, só que eles, dado a sua enorme taxa de ocupação, teimam em não voar e a dar a sua colaboração no combate aos incêndios.
Feitios…
Carlos F. Afonso
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terça-feira, agosto 23, 2005

Fantástico!

Instalei isto, e agora já sei que estou aqui:

38º45'57.77 N 9º10'43.17 W

Felizmente já não me perco!
E sempre posso ver, de cima, o que não conheço, por baixo.
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Apelo

(Lusa)

Eu não queria falar de fogos, porque depois de alguns tempos fora destas lides, não queria falar de desgraças.
Eu não queria falar das férias do Primeiro-Ministro, porque para além de me irritar a política, ou melhor, de me irritarem os políticos, cada vez mais assisto a atitudes que, política, ética ou moralmente não deveriam verificar-se.
Mas depois de ontem, depois de ouvir a Joana falar dos seus familiares e amigos em Coimbra, e de assistir à impotência de tantos outros nas notícias, não consigo calar-me.
O Senhor Primeiro Ministro é livre de tirar férias e de ir para onde bem entende, deixando as suas funções delegadas nos que lhe assistem.
Pena é que, ao contrário de tantos outros, o faça quando mal começou a fazer qualquer coisa no seu cargo.
E pena é que o faça quando o País está em crise e a arder.
E pena é, que nem este, nem qualquer outro Primeiro Ministro, Governo ou autoridades tenha conseguido evitar o que de ano para ano, com mais ou menos calor, com mais ou menos seca, vemos acontecer, ao país, à terra, e às pessoas.
Senhores, façam alguma coisa para prevenir e sobretudo mostrem-nos e deixem mostrar que o fazem.
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domingo, agosto 21, 2005

Afinal...

...ainda há praias sem gente, ou quase sem gente, neste país.
Os lugares eram em barda para estender a toalha.
O barullho que se sentia era apenas das ondas, intensas e grandes.
Não me faltou a boa companhia, um pouco de leitura e, claro, o sono em que sempre caio quando consigo este sossego.
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sexta-feira, agosto 19, 2005

Ponta Delgada - Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento L

Entre o actual Jardim Sena Freitas e a Casa dos Sousa Medeiros e Canto (Laranjeiras), sobe uma Rua pelo nascente do Jardim, no sentido sul-norte, a actual Rua 6 de Junho - data da 1ª grande manifestação popular realizada no país no ano de 1975, contra a instauração dum regime comunista em Portugal - antiga «Rua das Chagas», que nos conduz ao lado poente do Largo dos Mártires da Pátria, antigo «Campo dos Paços do Conde», «Campo da Conceição», «Campo da igreja de S. Mateus» por alusão ao grandioso Paço dos Condes da Ribeira Grande do séc. XVI demolido por Jacinto Inácio Rodrigues da Silveira nos princípios do séc. XIX.

Continua-se pela Rua do Coronel Silva Leal, antiga «Rua Nova do Maranhão» e depois «Rua do Desterro».

Feliciano António da Silva Leal nasceu na Ilha do Faial, em 1876, e faleceu em Angra do Heroísmo, no dia 6 de Janeiro de 1961. Detentor de várias condecorações das Campanhas de África, foi, por duas vezes, presidente da Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo e nomeado Delegado Especial do Governo da República para os Açores, em 1927. Nesta qualidade, promoveu, em Lisboa, a aprovação do Decreto de 16 de Fevereiro de 1928, considerado como grande vitória pelos líderes do segundo movimento autonomista dos Açores. Na cidade de Ponta Delgada, foi atribuído o seu nome, por deliberação camarária de 24 de Maio de 1928, à artéria vulgarmente conhecida como "Rua do Desterro", devido à ermida ali existente desde 1629 e dedicada a Nossa Senhora do Desterro. (José Andrade, ob.cit., 2001)

Todas estas ruas ligam o eixo mediano da cidade ao seu eixo norte, neste local correspondendo ao cruzamento com a Rua Aristides Moreira da Mota, antiga «Rua do Pao do Conde» - por referência ao mastro que os Condes da Ribeira Grande ali tinham virado para a rua e onde içavam a sua bandeira - depois «1ª Rua do Conde» e Rua João Francisco de Sousa.

Aristides Moreira da Mota nasceu em Ponta Delgada, a 12 de Julho de 1855, e faleceu, nesta cidade, a 1 de Maio de 1942. Licenciou-se na Faculdade de Direito de Lisboa, em 1880, e montou consultório de advogado, no ano seguinte, na 1ª Rua do Conde, n°67, actualmente designada como Rua Dr. Aristides da Mota, por deliberação camarária de 8 de Janeiro de 1944. Exerceu a profissão de advogado durante cerca de 40 anos, em simultâneo com as funções de professor no Liceu de Ponta Delgada. Foi Presidente da Câmara Municipal, de 1884 a 1889, exercendo ainda a presidência em substituição, por dois meses apenas, no ano de 1890. Foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia, em 1892 e 1893, inaugurando-se ali, nesse tempo, o "Internato João Francisco Cabral". Foi, ainda, co-fundador do instituto de caridade "Século XX", em 1901. De 1896 a 1898, exerceu as funções de vice-presidente da Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada, de que foi presidente nos anos de 1902, 1903 e 1926. Em 1889, foi eleito deputado regenerador, voltando às Cortes em 1892. Abandonou esse partido em 1904. No ano seguinte, alistou-se no Partido Franquista. Foi eleito deputado e escolhido para líder da respectiva Câmara, em 1906. De Novembro de 1907 a Fevereiro de 1908, foi Governador Civil de Angra do Heroísmo. Regressou à actividade partidária, que entretanto abandonara, em 1918, com o Partido Regionalista. A sua grande obra política foi a iniciativa de converter em lei a histórica aspiração da Autonomia Administrativa dos Açores, cujo decreto descentralizador para S. Miguel foi publicado em 2 de Março de 1895. (José Andrade, ob.cit., 2001)

Carlos F. Afonso
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quinta-feira, agosto 18, 2005

Os "Deuses" não devem estar...estão loucos!

Nunca gostei da ideia (apenas da ideia, porque prática nunca foi), de umas férias de Verão no Algarve, nas suas magníficas praias de águas cálidas, com batalhões de gente em todo o lado para que se queira ir.
Agora, por causa disto, menos razões terei para gostar.
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quarta-feira, agosto 17, 2005

Pensador

Ontem deitei-me assim e hoje levantei-me assim novamente.
Por muito que pense, não encontro as razões que explicam...
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segunda-feira, agosto 15, 2005

U2

Com o quarto minguante a aparecer adivinhava-se uma noite quente, mas mesmo que não a estivesse o estádio cheio fervia.
A entrada de U2 no palco foi surpreendentemente silenciosa, mas já era ansiosamente esperada.
Depois foi a explosão de som, de músicas que me enlevam, e de jogos de luz e de imagens fascinantes.
Não faltaram, claro, as referências à política e à religião, quer nas palavras de Bono, quer nas imagens do painel/écran gigante do palco. A meu ver, em demasia ou, sobretudo, com uma força que não podiam deixar ninguém indiferente. Mas mesmo assim acredito que estariam ali ateus desatentos a vibrarem com os chamamentos pedidos por Bono ao "Coexistir".
Faltou, sim, algum silêncio no estádio que nos deixasse ouvir, com clareza, a voz de Bono. Esse silêncio quase só se fez em Miss Sarajevo.
Ainda assim, foi um concerto magnífico.
Diferente daquele que, ao que vim a saber aqui, os U2 deram em 1982, mas igualmente inesquecível.
Obrigada a quem tinha este bilhete a mais, e que à última hora me permtiu ir.
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sexta-feira, agosto 12, 2005

Hoje...

... há 30 anos, não estávamos apenas no Verão Quente de 75.
Parabéns meu querido.
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Ponta Delgada - Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento XLIX

Defronte do antigo Teatro, hoje Jardim Sena Freitas, situa-se o Palacete do Marquês da Praia e Monforte, bonita construção do princípio do séc. XIX., ainda intacta, mas que foi brutalmente amputada do seu belo jardim para se construir, como veremos num próximo post, o pouco edificante edifício do Tribunal.
Como não nos propomos mostrar o que existe mas sim o que a selvajaria humana alterou, acho que devemos mostrar o que é o palacete Praia e como foi irremediavelmente afectado pela perda do jardim. A casa de belíssima e equilibrada construção e volumetria, é encimada por uma torre octogonal. Todas as janelas do andar nobre são ornadas por varandas de ferro fundido. Os vidros, todos gravados a fogo, embelezam todo o equilibrado conjunto.



Palacete do Marquês da Praia e Monforte

Carlos F. Afonso
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quinta-feira, agosto 11, 2005

SUDOKU

André, hoje SUDOKU é com o suplemento da Visão.
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Estar nas nuvens...

...como eles estiveram, aqui, deve ser muito bom.
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Começámos...


...mal!
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quarta-feira, agosto 10, 2005

Gostos e Desgostos

O meu Pai não vai acreditar quando ler isto mas é a pura da verdade: ontem eu comi queijo, de diversas formas e feitios.
Isto porque não pude recorrer ao ensinamento da minha Mãe que, em criança, vendo-se na iminência de ingerir uma coisa que não gostava educadamente disse: "não posso, porque o médico proibiu"...
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terça-feira, agosto 09, 2005

Para que conste...

... eu não concordo com a candidatura de Mário Soares.
... eu não vou apoiar a candidatura de Mário Soares.
... eu não vou fazer campanha por Mário Soares.
... eu não vou votar Mário Soares.

Não é importante, mas é para que conste.
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sábado, agosto 06, 2005

Enola Gay

Enola Gay, you should have stayed at home yesterday
Ah-ha words can't describe the feeling and the way you lied

These games you play they're going to end in more than tears someday
Ah-ha Enola Gay it shouldn't ever have to end this way

It's eight fifteen and that's the time that it's always been
We got your message on the radio
Conditions normal and you're coming home

Enola Gay, is mother proud of little boy today
Ah-ha this kiss you give, it's never going to fade away

Enola Gay, it shouldn't ever have to end this way
Ah-ha Enola Gay, it shouldn't fade in our dreams away

It's eight fifteen and that's the time that it's always been
We got your message on the radio
Conditions normal and you're coming home

Enola Gay, is mother proud of little boy today
Ah-ha this kiss you give, it's never ever going to fade away
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quarta-feira, agosto 03, 2005

Jornalistas ou Balelas?

No outro dia o deixou aqui este comentário que prometi comentar:

Não entendo porque não hão-de os jornalistas a sua parcialidade.
Pessoalmente não tenho o menor problema em o fazer. Assumidamente o meu jornal pode ser conotado com a esquerda. Sou assumidamente de esquerda. Porquê escondê-lo?
Isso não me impede de noticiar também, os outros.

Com a ideia de que já tinha escrito sobre isto, fui procurar e encontrei aqui.

Eu acho que os jornalistas podem ter cores políticas, religiosas, futebolísticas e outras quaisquer, e expressar nos seus artigos essas mesmas cores.
Aliás, parece-me até que era muito mais transparente que todos soubéssemos a cor e os “amores” de cada jornalista, porque assim (e mesmo não sendo sempre preciso) sempre seria mais fácil interpretar as palavras ou o sentido pretendido dar na frase sarcástica ou no texto irónico. Era uma moda dos americanos que eu não me importava que se adoptasse…
O que eu não suporto é o mau Jornalismo. O jornalismo que mistura a notícia (do “quem, onde, quando e porquê”) com as cores ou que nem responde ao “quem, onde, quando e porquê”.
Ora vejam só isto:

Título: Restauração é um dos sectores que recolhe mais proveitos
Subtítulo: Receitas Há indicadores positivos, apesar dos nórdicos terem um padrão de consumo diferente do nosso
Notícia: A romper com a ideia de que os turistas nórdicos originam poucas receitas está o facto de haver alguns sectores que vêem neste mercado a “salvação” para muitos dos seus problemas. Isabel Barata adianta mesmo que “muitos proprietários de restaurantes já me disseram que se não fossem estes clientes a sua situação seria, provavelmente, muito mais complicada”. Todavia, a directora admite que “as pessoas provenientes países não têm o mesmo padrão de consumo do turista tradicional, que compra tudo e mais alguma coisa”. O facto, diz, “destas pessoas viajarem várias vezes por na faz com que, em termos de consumo o mesmo seja diferente daqueles que o fazem uma vez por ano e que levam ofertas para todos os familiares”. Termina aqui dizendo que “ao contrário do que se pensa, estas pessoas gastam dinheiro e produzem receitas”.
Autor: Pedro Ferreira
Jornal: Expresso das Nove


Dão-se alvíssaras a quem, não sendo das ilhas, descobrir de que é directora Isabel Barata.
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