segunda-feira, janeiro 31, 2005

Eu criminosa não me confesso

Uma vez, num jogo onde se questionavam e discutiam atitudes, carácter, valores e personalidade, o meu amigo André perguntou-me se eu era capaz de defender um violador.
Sei que o perguntou porque, conhecendo-me, esperava uma certa resposta que por acaso até era a que lhe dava jeito no jogo, por corresponder à carta de resposta que tinha na mão.
Não lhe tendo eu respondido como queria, e não tendo ele aceite a minha resposta, ditava o jogo que ele pudesse abrir debate. Abriu-se o debate, expuseram-se motivos, discutiram-se razões e, quer parecer-me, o André percebeu e aceitou a minha perspectiva. Acho é que não concordou, mas como não me lembro bem, isso ele o dirá se quiser.
A minha perspectiva, e resposta, foram evidentemente profissionais, e longe estava eu ainda de saber qual a profissão que escolheria. É que, se a questão fosse do ponto de vista da defesa de um violador perante o sistema de justiça eu não poderia afirmar, em abstracto, que não o defenderia. Talvez existissem razões, mesmo que fosse evidente a existência de violação, que fizessem merecer a defesa (e não estou a falar de honorários, para quem entenda que é só nisso que os advogados pensam).
E não seria por defendê-lo que eu iria tornar-me igual a ele ou que iria perder os meus valores que me fazem repudiar o acto de violação.
Como não foi, e não é.
Já fui chamada oficiosamente a defender um sujeito que entre crimes de injúrias, furto e sequestro era também acusado por algo que, não sendo tecnicamente violação, para o senso comum é. Só por razões que não tinham a ver com a repugnância pelo acto em si – que até não veio a ficar demonstrado – é que não fui ao julgamento. Neste caso, exactamente por achar a acusação estapafúrdia e mal fundada, a defesa era justificável. E quem o defendeu não é, nem passou a ser, violador de coisa alguma.
Também assumi a defesa, aqui a pedido, de um traficante de droga, e aqui declaro que nunca trafiquei, nem passei a traficar, nem sequer considero que seja uma actividade que deva ser praticada. Pelo contrário, deve ser perseguida e punida.
Ora, o André certamente sabe (como outros saberão), que não é por eu defender certas causas que estou “envolvida” com aquilo que elas possam ter de podre e de torpe. Que me torno criminosa, perdendo os valores que alguém me incutiu, por um lado, e que a vida me ensinou, por outro.
Há, porém, quem entenda que aqueles que, como eu, têm a profissão de defender suspeitos e acusados, se tornam criminosos por isso, e pior, que não podem aspirar a voos de carreira (nessa ou noutra carreira) por estarem “inquinados” e envolvidos nas “aventuras” do crime.
Quero acreditar que o texto que li, defendendo este mesmo absurdo relativamente a um concreto advogado, foi motivado por uma emoção dominada, senão por inveja (esta desconheço totalmente se existe e nem vejo motivos concretos para existir, portanto é mesmo hipótese de raciocínio apenas), pelo menos pela ânsia de perseguição e por um “ódio” injustificável.
É que só estas emoções explicam a obnubilação dos mais elementares princípios do Estado de Direito, como sejam a do direito de defesa de uns e a do direito de iniciativa privada e de participação política de outros (dos que defendem os primeiros, sem que por isso devam ver limitados os seus méritos para a iniciativa privada ou participação politica).
Ou será que quem escreveu o que escreveu, por ter um processo crime a correr contra si por alegada difamação, ao que soube por noticias vindas a público, não deve continuar a escrever sobre pessoas concretas?
Pode e deve certamente porque é livre de pensar e escrever, desde que não o faça de forma difamatória.
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domingo, janeiro 30, 2005

Summer of '69

I got my first real six string
Bought it at the five and dime
Played it till my fingers bled
Was the summer of '69


Me and some guys from school
Had a band and we tried real hard
Jimmy quit and Jody got married
I shoulda known we'd never get far


Oh when I look back now
That summer seemed to last forever
And if I had the choice
Ya - I'd always wanna be there
Those were the best days of my life

Ain't no use in complainin'
When you got a job to do
Spent my evenin's down at the drive-in
And that's when I met you - ya

Standin' on your mama's porch
You told me that you'd wait forever
Oh and when you held my hand
I knew that it was now or never
Those were the best days of my life


Back in the summer of '69

Man we were killin' time
We were young and restless
We needed to unwind
I guess nothin' can last forever - forever, no...


And now the times are changin'
Look at everything that's come and gone
Sometimes when I play that old six string
I think about you wonder what went wrong

Standin' on your mama's porch
You told me that it'd last forever
Oh and when you held my hand
I knew that it was now or never
Those were the best days of my life
Back in the summer of '69


(Brian Adams)

Meninas, para nós é já amanhã. Preparem-se!




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sábado, janeiro 29, 2005

Julgando um dever cumprir,
sem descer no meu critério,
- digo verdades a rir
aos que me mentem a sério!

António Aleixo
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quinta-feira, janeiro 27, 2005

Auschwitz

As notícias logo pela manhã, e as imagens que vi aqui, fizeram-me pensar todo o dia em Kurt, Ellen, Anne e em tantos outros, e voltar a sentir o arrepio que senti quando visitei uma exposição aqui, e quando fui aqui.
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Neve

Aqui não neva, mas lá, do lado de lá do oceano tenho família fechada em casa.
Isto é uma vaga de frio.




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Ali em cima...

...o Citador diz-nos que "Saber ler é acender uma luz no espírito".
E saber perder na Luz, face à sorte do adversário, é ter bom espírito.
Qualquer um merecia, mas um tinha de ter sorte.
Parabéns vermelhinhos.


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quarta-feira, janeiro 26, 2005

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXXVII

A construção do Porto Artificial, iniciada em 1861, sob projecto do inglês Sir John Rennie foi sob o ponto de vista económico de enorme importância para a ilha, mas sob o ponto de vista urbanístico foi, na minha modesta opinião, o início da descaracterização e destruição de Ponta Delgada.
Sentindo-se protegida, a cidade entendeu virar-se para o mar destruindo-se toda a orla marítima do Cais do Corpo Santo a S. Pedro não se poupando casas, ermidas, o Cais da Alfandega, toda a muralha que protegia as casas da Rua dos Mercadores, o forte de S. Pedro e a Calheta de Pero de Teive.
A intervenção do séc. XIX terá sido, apesar de tudo, mais suave, construindo um Aterro, a uma cota mais baixa do que a actual Avenida, do Cais da Sardinha ao Cais da Alfandega, poupando-o. Deste modo só terá sido destruída a Ermida de S. Pedro Gonçalves do séc. XVI também conhecida por Ermida do Corpo Santo, que foi construída em terrenos doados no séc..XVI, num local próximo do local onde hoje está construída a Alfândega, tendo-se construído um bonito Mercado de Peixe a nascente do Cais do Corpo Santo, conhecido por Cais da Sardinha, não por ser um Mercado de venda de peixe, mas sim por ter sido construído pelo partido liberal conhecido pelo “da sardinha”.
A Ermida de S. Pedro Gonçalves era da confraria dos pescadores da cidade. Depois de decidida a sua demolição foi a sua imagem transferida, em procissão em 1862, para a Igreja da Graça, contrariando a vontade dos pescadores de Santa Clara que a pretendiam para a sua Igreja mas que a perderam pela maioria dos votos dos pescadores da Calheta. Após a solene procissão de transferência da imagem, um dos pescadores de Santa Clara vendo-a já instalada na Graça virou -se para a imagem e gritou:
Ó S. Pedro Gonçalves, ou tu és Santo ou não és, se és, é hoje aqui e amanhã em Santa Clara. Se não és, então vai bardamerda!
E, de forma desabrida, voltou-lhe as costas e desceu igreja abaixo! (Urbano Mendonça Dias, Ponta Delgada, Monografia Histórica, 1946).


Planta do Castelo de S. Brás e Cais do Corpo Santo, feita pelo Cônsul Inglês William Read no princípio do séc. XIX. Não estava ainda construído o Cais da Sardinha na ponta de biscoito à direita e assinalada com uma cruz a Ermida de S. Pedro Gonçalves do séc. XVI, destruída pela construção do Cais da Sardinha em 1862


Jardim do Castelo antes da reformulação actual, vendo-se encostado à muralha o Padrão aos Mortos da Grande Guerra de 14-18 da autoria de Raúl Lino e Diogo de Macedo ali colocado em 4-11-1935, de proporção excessiva para a altura da muralha e uma quase profanação ao vetusto monumento. O próprio escultor Diogo de Macedo quando visitou Ponta Delgada em 1951 lamentou a localização do memorial



O Cais do Corpo Santo e o Forte vistos do cais da Sardinha


Vista do Cais de Corpo Santo e em primeiro plano o antigo Chafariz, aproximadamente no local onde hoje se situa o Monumento ao Emigrante. Ao fundo a 1ª fase do Porto Artificial


Aterro. Vendo-se ao fundo o edifício da Alfândega e as arcadas da Fonte dos Navegantes. À direita as pontes do Clemente (Clemente Joaquim da Costa) para descarga de carvão


Interior do Cais da Sardinha


Cais da Sardinha visto do Forte de S. Brás


O bonito Cais da Sardinha visto de um edifício do Aterro


O feio Edifício da Alfândega que resultou da demolição do Cais da Sardinha e situado no local onde existiu a Ermida de S. Pedro Gonçalves

Carlos F. Afonso
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terça-feira, janeiro 25, 2005

Tecnologias...

Campo Grande, entrada no túnel de Entrecampos. O termómetro de rua marca 5º.
Avenida da República, saida do mesmo túnel. O termómetro de rua marca 8º.
Mais à frente, na mesma avenida, o termómetro de rua marca 7º.
De facto, precisamos de um plano tecnológico.
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segunda-feira, janeiro 24, 2005

Lei de Murphy da Termodinâmica

As coisas pioram se forem submetidas a pressão.

As leis são gerais e aplicam-se a diversas situações.
Esta mostra-nos que Santana Lopes é assaz conhecido.
Um case study.



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Lei de Johnson e Laird

As dores de dentes tendem a aparecer à Sexta-feira à noite.
O pior é quando a enxaqueca aparece ao Sábado.
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domingo, janeiro 23, 2005

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXXVI

Contornando o forte de S. Brás pelo nascente, temos hoje a Avenida Kopke que constitui a entrada para o Porto Artificial.
Eduardo Augusto Kopke, engenheiro civil, dirigiu, em 1879, a continuação das obras do porto artificial de Ponta Delgada, introduzindo sucessivas modificações na sua construção, aconselhadas pela experiência e pela necessidade de o ampliar, em virtude do aumento progressivo da tonelagem dos navios. Antecederam o engenheiro Kopke na direcção destas obras, respectivamente, Sir John Rennie, membro da Real Academia de Engenheiros de Londres e último Presidente da Instituição dos Engenheiros Civis da Grã-Bretanha; o engenheiro Ricardo Júlio Ferraz; o Dr. Mariano Machado de Faria e Maia; e o Dr. Álvaro Kopke de Barbosa Ayala.
O Eng° Eduardo Kopke foi ainda o autor do projecto para construção de um caminho de ferro na Ilha de S. Miguel, por volta de 1900. O seu projecto, que motivou assinalável entusiasmo local, foi aprovado pela Junta Geral de Ponta Delgada, enviado ao Presidente do Conselho e aprovado também pela Câmara dos Deputados... sem nunca ser concretizado!

Carlos F. Afonso
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Do mar

Ocean2
You come from the Ocean. You've always been drawn
to the sea, the sound of the waves, the crystal
blue water, near the sea is where you belong.


Where Did Your Soul Originate?
brought to you by Quizilla

Via Mariana
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quinta-feira, janeiro 20, 2005

Uma boa desculpa

Não é verdade, mas é uma boa desculpa.
É por não termos um metro assim*, que eu não ando de metro.

*cliquem nos M das estações de metro


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Pausas kit-kat

Porque também é bom fazer pausas no trabalho, com trabalho.
Mas sobretudo porque é bom rir.
Se continuar a ir aqui, ainda me tiram é daqui.
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A manter!

Nas açorianices de domingo, no Professorices, o João falou da tradição dos assaltos de mascarados das quintas-feiras de amigos, de amigas, de compadres e de comadres, e das malaçadas, de que matei saudades no ano passado.
Hoje é quinta-feira de Amigas.
Mais do que manter a tradição - que aliás acho que já vai deturpada em jantares fora e cenas de strip - quero manter as amigas que hoje conservo.
Um bom dia de Amigas para vocês.

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quarta-feira, janeiro 19, 2005

À beira da água

Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.



Eugénio de Andrade

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You're Anarchy, State, and Utopia!

by Robert Nozick

If it were up to you, there would probably be no government at all.
But then you'd have to deal with there being no government, and nobody likes that. So
you've decided that hiring a few security guards is okay. Getting rid of that nasty
tax collector would sure be nice, though. He keeps getting in the way of you making
the money you so richly deserve! Everyone who believes in you happens to be fairly
well off.



Take the Book Quiz
at the Blue Pyramid.

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Também estamos...

FALA!
Fala a sério e fala no gozo
fá-la p'la calada e fala claro
fala deveras saboroso
fala barato e fala caro

Fala ao ouvido fala ao coração
falinhas mansas ou palavrão

Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe.

Fala franciú fala béu-béu

Fala fininho fala grosso
desentulha a garganta levanta o pescoço

Fala como se falar fosse andar
fala com elegância e muito devagar.

(Alexandre O'Neill)

...em pré-campanha, pois claro.


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terça-feira, janeiro 18, 2005

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXXV

Contornando o edifício da Misericórdia pelo sul, chegamos à única rua do nascente onde acabava a cidade quinhentista nas palavras de Frutuoso “…e acaba em casa do esforçado e forçoso que foi Baltasar Roiz, de Santa Clara…”.
Era esta a antiga Rua de Santa Clara depois Rua do Cerco, no séc. XVII, hoje Teófilo Braga.

Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu em Ponta Delgada, a 24 de Fevereiro de 1843, na antiga "Rua do Cerco", que hoje ostenta o seu nome, e faleceu em Lisboa, no dia 28 de Janeiro de 1924. Formado pela Faculdade de Direito de Coimbra, revelou o seu talento de investigador com a "História da Literatura Portuguesa", mas salientou-se ainda noutras facetas o autor de "Parnaso Português Moderno", "História do Romantismo em Portugal" e, sobretudo, "Visão dos Tempos", que tivera as suas primeiras manifestações literárias, com apenas 16 anos de idade, na colecção de versos "Folhas Verdes". Foi Presidente do Governo Provisório da República e, em 1915, exerceu a suprema magistratura da Nação, como Presidente da República Portuguesa. É patrono da Escola Preparatória de Vila do Porto, porque ali nasceu sua mãe, e tem um busto oferecido pela Câmara Municipal de Lisboa que foi descerrado, em 1943, na rua que ostenta o seu nome, em Ponta Delgada. O seu nome foi ainda dado a uma rua de East Providence, nos Estados Unidos da América, em 1995.

Os edifícios da Junta Autónoma dos Portos situam-se no local conhecido pela Cerca dos Frades por ser o local onde os Franciscanos iam ao calhau tomar banho e pescar. Daí a rua passar a chamar-se a partir do séc. XVII por Rua do Cerco.



Vista aérea da zona de Santa Clara. Vendo-se os edifícios da Junta Autónoma dos Portos a Avenida Kopke, a entrada para o Porto Artificial. A seguir o Forte de S. Brás ainda com os antigos edifícios das Oficinas de Reparações Marítimas, hoje felizmente demolidos de modo a desafogar o Forte. A seguir o Cais do Corpo Santo e mais longe o Cais da Sardinha. À esquerda o vasto edifício dos Franciscanos adaptado a Hospital da Misericórdia


Carlos F. Afonso
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segunda-feira, janeiro 17, 2005

Estamos...

...metidos num 31.


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sábado, janeiro 15, 2005

Areia para os olhos, tostões para os bolsos

O que vende, o que efectivamente faz ganhar audiências são as notícias de viagens, de contradições e trapalhadas no Governo, de cartazes, e o diz que disse do que A ou B prometem ou do que advertem que pode vir a acontecer (sim, mais vale não prometer só o que é bom).
Explicar, aprofundar cada tema e reflectir, isso não é para o comum dos jornalistas e comentadores, e assim vamos sendo inundados de areia, para os nossos olhos e não só.
Quase a um mês de eleições, entre os "fait divers" sobre a composição de listas, preocupam-me duas questões.
Li (já não sei onde), que uma larga percentagem dos candidatos a deputados (aqueles que vamos eleger como nossos representantes) são políticos de profissão e carreira. Sempre me pareceu que a dedicação pela causa e bem público se casava melhor com o desprendimento da política e do que esta pode beneficiar quem mais nada tem do que ela própria, e com o saber vivido do que é a economia, a gestão, a justiça, a saúde, o ambiente, a cultura, e tantas outras áreas sobre as quais, afinal, os nossos deputados irão decidir e legislar.
É certo que o profissionalismo e carreirismo na política poderão beneficiar o argumento da menor permeabilidade aos lobbys e interesses instalados. Mas o que a vida demonstra é que essa permeabilidade continua a existir e a qualidade legislativa a decrescer.
Não bastam, portanto, bons acessores técnicos aos senhores deputados. É preciso que estes também sejam bons técnicos e profissionais, e amantes da causa pública. E como qualquer amante, que vivam com paixão o momento que lhes é dado que, como tudo na vida, e sobretudo como as paixões sem amor, acaba.
Outra questão que se me coloca é a de saber como pode qualquer partido defender a regionalização e até a descentralização quando são eles os mais centralistas na elaboração das listas. Porque me lembro onde li a excelente reflexão sobre o tema, remeto-vos para aqui.
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Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
o meu amigo está longe
e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante!

o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.

Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade é bastante!

(Ary dos Santos)

Na passada quinta-feira festejou-se o Dia dos Amigos nos Açores, onde estão muitos dos meus bons amigos.
Soube-o tarde (é festança móvel que por cá não se comemora) e, curiosamente, através de um amigo continental.
Mas como mais vale tarde, do que nunca, aqui fica Ary, para os meus Amigos, de longe e de perto.
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Titã (Foto NASA)

Não estive na lua, nem em Titã.
Simplesmente não deu para vir aqui.
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sexta-feira, janeiro 14, 2005

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXXIV

A limitar o Largo de S. Francisco pelo sul temos o Forte de S. Brás, de 1553, a mais poderosa fortaleza da Ilha. Situa-se na vertente nascente da Ponta Delgada, também chamada de Santa Clara, que deu o nome à cidade. A ponta foi assim chamada pela proximidade que tinha com a primitiva Ermida de Santa Clara que como veremos lhe fica próxima.
Foi Ponta Delgada atacada em meados de Junho de 1582 pela esquadra francesa do Prior do Crato, comandada por Strozzi e que por curto espaço de tempo o ocupou o Forte de S. Brás, comandado por Pêro Peixoto da Silva. Os soldados franceses saquearam a cidade depois de desembarcarem pelo nascente (Rosto de Cão). Este saque obrigou a população a fugir para os matos e as freiras da Esperança e Santo André a refugiarem-se nas Sete Cidades, no local ainda hoje conhecido por Cerrado das Freiras. Foi o maior combate naval a que Ponta Delgada assistiu, vingado em 26 de Julho de 1582 pela derrota da armada do Prior do Crato, comandada pelo espanhol Marquês de Santa Cruz, D. Álvaro de Bazan, em Vila Franca.
Quando da obra de ajardinamento do campo fronteiro ao Castelo, foram descobertos os esqueletos dos participantes da célebre “revolta dos calcetas” de 23-4-1835. Eram estes, guerrilheiros miguelistas que se encontravam aprisionados no Castelo e eram assim conhecidos por andarem em trabalhos forçados calcetando estradas. Revoltaram-se nessa data comandados pelo, também guerrilheiro, Sebastião Forjaca e dominaram por algumas horas o Castelo. Foram presos e fuzilados no dia seguinte no adro da vizinha Igreja dos Franciscanos com requintes de barbarismo. Foram decapitados e foram-lhes também cortadas as mãos, ficando as cabeças e os corpos expostos no Campo de S. Francisco para “exemplo”! Foram depois salgados e enterrados em barris por outros presidiários, “um chamado Tarolé, o Manuel Pucarinha, de Rosto de Cão, o Larangeira, da Ribeira Grande, e o preto das tias de Duarte Borges porque ali apareceu” (!!!). Foram depois, eles próprios, enterrados vivos com os cadáveres dos calcetas!!


Antigo Coreto do Campo de S Francisco que ardeu durante a instalação das lâmpadas para as festas do S.S.Cristo nos finais dos anos 50.


Fotografia do Forte de S .Brás tirada da torre da Igreja de S. José vendo-se a fachada do Convento dos Franciscanos demolida e as obras de construção da fachada da antiga Misericórdia. A cerca do Castelo ainda não estava ajardinada e, junto ao Castelo, o antigo Cais do Corpo Santo. Mais ao fundo o Porto artificial já iniciado em 1861


Carlos F. Afonso
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quinta-feira, janeiro 13, 2005

O rato e o anjo

Há um rato para cada português

Dos jornais

Anjo guardum
pra cada um

Da província

Um rato e um anjo de guarda
para cada.

Anjo defende o acto
mau,
a fazer ou a sofrer.

Rato celebra contrato?
Qual!

Rato rói,
até na orelha.
Anjo dói
de outra maneira.

Mas eis que,nestes enredos,
há dois a mais,um a menos.

Cai ao anjo a pena,
ao rato o pelame.
Um regressa ao seu enxame,
o outro à sua caverna.

E o português,desanjado,
já se vê desratizado.
Chora.


Alexandre O'Neill

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segunda-feira, janeiro 10, 2005

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXXIII

A poente o Largo de S. Francisco era limitado pelo Convento e Igreja dos Franciscanos, depois secularizado pelo liberalismo e adaptado a Hospital da Misericórdia de Ponta Delgada, hoje descaracterizado quer pela fachada neoclássica ali colocada no séc. XIX depois de demolida a fachada do Convento quer pelas sucessivas adaptações desde então sofridas no seu interior. Encostada à igreja do convento dos franciscanos, no seu lado norte, edificou-se nos começos da década de 1780 a ermida de Nossa Senhora das Dores. Por ser lugar de utilidade para as freiras e frades vizinhos e para a população de Santa Clara, em vereação de 26-1-1718 a Câmara acordou « que no Campo de São Fran.° sefizesse hum chafaris assim p.a mais ornato daquella prasa como p.a bem comum dos moradores que vivem daquella banda por lheficar longe as fontes que ha nestacidade »
Este Chafariz foi posteriormente demolido quando se construiu o Aterro e se ajardinou o fosso e terrenos da esplanada da Fortaleza de S.Brás.



Igreja e Antigo Convento dos Franciscanos, séc. XVII. Parte da clausura foi demolida e a maior parte do interior destruída para construir o Hospital da Misericórdia


Fachada neoclássica da Misericórdia resultante da demolição do Convento dos Franciscanos. A Igreja permanece intacta e é um dos mais bonitos exemplares de arquitectura religiosa da ilha. Notar a desproporção volumétrica da actual fachada como que a querer apagar a bonita Igreja


Desenho do Chafariz e sua localização vendo-se o Castelo e o fosso ainda não aterrado e ajardinado


Foto do Chafariz já desaparecido


No local
onde estava o Chafariz de 1782 existe agora o Monumento do Emigrante, da autoria do escultor Álvaro França que poderia e mereceria ser situado em qualquer lugar nobre da cidade, sem se ter destruído o bonito chafariz do séc.XVIII, ainda no séc.XIX.


Pedra de Armas do antigo Chafariz
do Campo de S. Francisco do séc. XVIII, ali colocada em 1848 e hoje no museu Carlos Machado

Carlos F. Afonso

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domingo, janeiro 09, 2005

Finalmente...



fizeram alguma coisa de jeito!
A miúda merecia este presente.

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sexta-feira, janeiro 07, 2005

Around the Sun

I want the sun to shine on me
I want the truth to set me free
I wish the followers would lead
with a voice so strong it could knock me to my knees

Hold on world 'cause you don't know what's coming
hold on world 'cause I'm not jumping off
hold onto this boy a little longer
take another trip around the sun

If I jumped into the ocean to believe
If I climbed a mountain would I have to reach?
do I even dare to speak?--to dream?--believe?
give me a voice so strong
I can question what I have seen

Hold on world 'cause you don't know what's coming
hold on world 'cause I'm not jumping off
hold onto this boy a little longer
take another trip around the sun

Around the sun
around the sun
around the sun

Let my dreams set me free.
believe. believe.
now now now now now now.


(R.E.M.)

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quinta-feira, janeiro 06, 2005

Uma questão de águas

Pois não, o Governo meteu, e persiste em meter, água.
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Liberal

Liberalizar e ser liberal não é, por si só, bom.
Porque liberalizam-se as rotas aéreas para os Açores e a consequência é a subida dos preços que pagaremos pelas passagens (pelos vistos por via do aumento de taxas), como soube em primeira mão aqui.
Porque há quem ache normal um regulamento de um condomínio nos Estados Unidos que exclui crianças até aos 16 anos e que obriga as mulheres que tenham filhos a abandonar o condomínio no prazo de um ano, como se vê aqui (que é respondido aqui).
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Enjoo

Estou enjoada mas não, não estou grávida.
Acho que se deve a umas listas mas não, não foi o menu do restaurante porque a escolha do que comi ontem até foi acertada.
Bom, isto tem de passar mas, enquanto não passa, o certo é que com esta cara não posso, não quero, não devo posar para a fotografia. Com os outros ou sem eles. Que nojo!
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Getting Away With It (All Messed Up)

Are you aching for the blade?
That's OK, we're insured
Are you aching for the grave?
That's OK, we're insured


We're getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living


Daniel's saving Grace
She's out in deep water
Hope he's a good swimmer
Daniel plays his ace
Deep inside his temple
He knows how to serve her


We're getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living
We're getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living


Daniel drinks his weight
Drinks like Richard Burton
Dance like John Travolta
Now
Daniel's saving Grace
He was all but drowning
Now they live like dolphins


We're getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living
We're getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living
We're getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living


Oh, getting away with it all messed up
Getting away with it all messed up
That's the living
Getting away with it
We're getting away with it
That's the living
That's the living

(James)
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terça-feira, janeiro 04, 2005

To be or not to be: that is the question

De entre as personagens de Shakespeare, eu sou Hamlet.

You are Hamlet, prince of Denmark. You may have the power to do great things, but do not let indecision weaken your resolve. Be careful to not allow other people's problems to become our own, and don't steriotype people.
Whatever path you choose to take in life, beware of neglecting those who care about you.


E vocês, que herói de Shakespeare são?
brought to you by Quizilla
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segunda-feira, janeiro 03, 2005

A mensagem

Não ouvi a mensagem de Ano Novo do PR, e apenas li e ouvi sobre ela.
Hoje, no Público, escreve-se assim: Por muito que Sampaio tenha necessidade (e dever institucional) de apelar aos consensos, o que importa saber é se o próximo Governo vai aumentar a idade de reforma, se cria ou não quadros de excedentes na função pública, se institui mecanismos de avaliação dos serviços públicos rigorosos, se acaba com a situação de privilégio fiscal em que vive a banca, se cria ou não instâncias administrativas à escala regional, se concede ou não incentivos que se vejam às empresas que apostam na ciência e na inovação, se estende o ensino do Inglês ao primeiro ciclo... .
Cá para mim Sampaio não tem necessidade de apelar nem está com isso a corresponder a qualquer dever institucional. Cá para mim, Sampaio está em campanha. Como todos.
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Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXXII

A nascente o Largo de S. Francisco era delimitado pela bonita casa hoje pertencente à família Marques Moreira, onde viveram os célebres irmãos Carvalho nos finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX e por uma outra de igual proporção mas de decoração menos rica que foi demolida para construir dois edifícios de verticalidade desproporcionada.
Os irmãos Carvalhos eram, Dâmaso José de Carvalho, vigário geral e ouvidor eclesiástico em Ponta Delgada, Francisco António e António Francisco Carvalho, riquíssimos negociantes, com o monopólio do comércio com o Brasil e que estiveram envolvidos também em negócios de contrabando, onde engrandeceram enormemente as suas fortunas!
Legaram os irmãos Carvalho a sua fortuna a Jacinto Inácio da Silveira, também ele um riquíssimo negociante em Ponta Delgada, mais tarde nobilitado com o título de Barão de Fonte Bela por ter emprestado ao D. Pedro IV cerca de 100 contos, para financiamento da campanha do Mindelo. É deste legado dos irmãos Carvalho que fazia parte a lindíssima Quinta do Botelho, casa de verão do Barão, depois lar de recolhimento de raparigas em situação difícil e hoje propriedade da Fábrica de Tabaco Micaelense que ali pretende fazer uma unidade hoteleira de luxo.


Campo de S Francisco, lado nascente, vendo-se à direita a casa dos irmãos Carvalhos rematada por uma bonita galeria e pináculos em basalto aqui ainda pintados e hoje a descoberto. Ao lado um edifício de iguais proporções mas de decoração mais pobre, hoje substituído por dois edifícios de volumetria desproporcionada


Outra vista do mesmo local, sem as árvores mas já com o actual meterosídero ainda pequeno e a casa que ladeava a Casa Marques Moreira de forma harmoniosa já demolida e substituída por dois edifícios de volumetria excessiva e desproporcionada

Carlos F. Afonso



Eu acrescentaria apenas que também se falou deste e de outros metrosíderos no Professorices e aí o Pedro bem lembrou que "essa lindíssima arvore do campo de são francisco sofreu, no inverno passado, um violento rombo, um raio atingiu um dos flancos fazendo cair um dos galhos, teve que ser cortado". O registo desse dia, veio do PhotoBlog do :Ilhas.



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