Parabéns Sr. Prof. Cavaco Silva, Sr. Presidente.
Não votei em si por várias razões, umas que se prendem consigo, com o seu perfil - ou a meu ver, não perfil para Chefe de Estado, apesar de lhe reconhecer perfil de Estado, mas como tecnocrata e governante - e outras que se prendiam com
outros candidatos.
Apesar disso, supondo que as sondagens não seriam tão rotundamente erradas quanto aos seus resultados, sempre admiti que teria de felicitá-lo. E eis-me aqui a fazê-lo e a pedir-lhe que, como Presidente de todos, saiba exercer os poderes que lhe foram confiados aproveitando, naturalmente, os conhecimentos que tem, por mérito profissional e pela experiência governativa que teve, em prol da estabilidade política. Pareceu-me que no seu discurso da varanda lhe ia fugindo a palavra para o que não devia - "vamos fazer" - e espero que se lembre sempre do que efectivamente disse aparentemente em vez disso - "vamos servir".
Pedia-lhe ainda, humildemente e traumatizada, que a sua mulher não temesse ataques de alunos na faculdade para tanto fazendo-se acompanhar de dois guarda-costas e uma senhora tipo armário até à porta de cada uma das salas onde lecciona. E que deixasse de tanto falar em si, na vossa casa (ou em Belém...), nos vossos filhos.... É que isso em nada contribui para o ensino da lingua e literatura portuguesa.
Para a posição que a senhora ocupa, e para os eventos em que terá de participar, parece-me que seriam úteis aulas de etiqueta e de postura, para que não colocasse o pé na parede quando se encosta a esta (como talvez certamente não fará na sua casa), para que deixasse de beber água pela garrafa, para que deixasse de massajar as ancas, e para que se sentasse convenientemente.
Sr. Primeiro Ministro,
Se muitos levantaram a voz, com alguma razão parece-me, contra a arrogância do agora Sr. Presidente, deixe-me que lhe diga que o Sr., para além de arrogante, é mal-educado.
Só assim interpreto o seu gesto de interromper o discurso do 2ºcandidato mais votado e alegremente ignorado pelo seu partido e pelo seu candidato.
Lembre-se que à volta desse candidato certamente posicionaram-se pessoas descontentes com o seu partido, com o seu governo e com o seu candidato, e sobretudo pessoas descontentes com os políticos e os partidos em geral. Pelo resultado que esse candidato obteve, e pelo resultado que o seu partido obteve, parece-me que lhe ficaria melhor uma atitude reflexiva - e de silêncio quando ele falava - do que atitudes primárias e revanchistas.
E nem vale a pena desculpar-se com o facto de a interrupção ter sido devida às televisões. Elas apenas, e mal também, foram atrás de si e a todos e a cada um cabe e responsabilidade pela deselegância.
Pedia-lhe, por isso, maior maturidade e elevação política porque sem ela, Sr. Primeiro Ministro, ficaremos com a dúvida se uma eventual falta de estabilidade no futuro derivará de excessos de intervenção e da arrogância do agora Sr. Presidente, ou desses mesmos excessos vindos de si.
Para a esquerda portuguesa,
Creio que vos ficou a lição de que a divisão, neste tipo de eleições, não vos serve. Mas ainda assim, a reboque de Soares foi nela que vocês apostaram e foi, a meu ver, por ela, que nada conseguiram.