sábado, janeiro 14, 2006

Ponta Delgada - Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento LV

Regressemos de novo ao eixo mediano da cidade, onde o tínhamos abandonado, no lado sul do Jardim Sena Freitas na Rua Marquês da Praia, em frente do Palacete do Marquês . Como se disse este ocupava um vasto quarteirão da cidade, de que já referimos os limites. Como então referimos todo o jardim era rodeado por um muro extenso de cerca 2,30 ou 40.
A Rua do Marquês da Praia cruza para sul a Rua Dr. Luís Bettencourt, antiga «Rua do Sampaio», hoje uma larga rua mas até 1960 uma estreita rua com três bonitas casas setecentistas à esquerda que resistiram à destruição e o extenso muro do jardim do Marquês à direita.
Em 1960 o Estado expropriou o bonito jardim para alargar a rua e construir o monstruoso edifício do Tribunal Judicial de Ponta Delgada, de óbvio mau gosto e manifesta má qualidade. Privou a cidade, tal como já o tinha proposto o Dr. Augusto Arruda nos anos 20, desde bonito espaço verde como também estragou a traça e o valor do palacete, irremediavelmente amputado do seu jardim.
Na esquina, da zona norte do jardim havia uma pequena construção, provavelmente uma casa de apoio, que foi bem adaptada a estabelecimento comercial, sendo talvez a primeira casa de artigos decorativos de bom gosto e qualidade que por aqui houve. Chamava-se “O Globo” e pertencia ao Sr. Carlos Rego Costa e seria uma espécie de “Casa Havaneza” com dimensão local. Com este monstro, mais a construção duma bomba de gasolina e a destruição do Recolhimento da Trindade ficou assim também destruída mais esta rua da cidade que ligava o já descrito eixo sul com este eixo mediano.



Rua Marquês da Praia. À esquerda o Solar dos Sousa Medeiros e Canto e à direita o que era o muro do jardim que se estendia ao longo da rua até ao cruzamento com a Rua Dr. Luís Bettencourt. Na parte visível o que sobra das maravilhosas árvores que o jardim possuía.





Edifício do Tribunal, inaugurado a 8-7-1968, tendo ao fundo o Palacete Praia. Vendo esta fotografia percebe-se como ficaria bonito o rebaixamento do muro e o gradeamento a substitui-lo, valorizando o edifício e beneficiando a cidade sem a desastrosa destruição que foi feita e a ainda pior construção do edifício


Projecto do Palácio da Justiça que esteve projectado para a zona da Calheta próximo da Cadeia no séc. XIX, de indiscutível qualidade e que valorizaria indiscutivelmente a zona

Carlos F. Afonso
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