quinta-feira, março 17, 2005

Lado Lunar

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo dum sonho

Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não é por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser pra ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar

Desvendame o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruínas de amor

Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
À prova de bala à prova de tudo

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser pra ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar


Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo é tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso

Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar

Carlos Tê / Rui Veloso

Tudo na vida tem um lado lunar. Eu hei-de conseguir deixar de ver o teu.
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terça-feira, março 15, 2005

Ponta Delgada - Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento XLII

A hoje Rua do Diário dos Açores, assim chamada por estar aí sediado este vespertino, era onde começava a antiga «Canada do Maranhão», depois «Rua da Canada»
Esta rua que se iniciava no Canto da Cruz, está hoje dividida pelo Largo 2 de Março em dois troços, a Rua do Diário dos Açores até ao referido largo, e a Rua Tavares de Resende que se segue ao Largo 2 de Março e ao início da antiga «Rua Formosa», hoje Rua de Lisboa.
Manuel Augusto Tavares de Resende nasceu em Ponta Delgada, a 23 de Fevereiro de 1849, e aqui faleceu no dia 3 de Janeiro de 1892, com 42 anos de idade. Criador da imprensa quotidiana insular, fundou o jornal "Diário dos Açores", em 5 de Fevereiro de 1870, que dirigiu durante 22 anos. Por deliberação da Câmara Municipal, de 9 de Janeiro de 1914, foi dado o seu nome à antiga "Rua da Canada" (Canada do Maranhão, quando Ponta Delgada era simples vila). Por ocasião do centenário do seu jornal, em 1970, a Câmara Municipal, em deliberação de 2 de Janeiro, mudou a toponímia da "Rua Tavares de Resende", no troço compreendido entre a Rua Mont'Alverne de Sequeira e o Largo 2 de Março, dando-lhe o nome de "Rua Diário dos Açores" (in José Andrade).
A Rua Tavares de Resende prolonga-se para o norte até encontrar o terceiro eixo da cidade, o eixo norte, neste local actualmente chamado Rua João Francisco de Sousa e antigamente «2ª Rua do Conde», no local conhecido por Canto da Fontinha, antigo «Canto da Fonte» ou «Canto da Fontinha do Maranhão», que constituía, na altura, o limite urbano da cidade.

João Francisco de Sousa faleceu em Ponta Delgada, no dia 1 de Setembro de 1915. Foi Governador Civil de Ponta Delgada e benemérito local. No exercício das suas funções oficiais, mereceu um louvor da própria Câmara Municipal, por deliberação de 3 de Julho de 1912, pela aprovação do projecto de construção do caminho de ferro na Ilha de S. Miguel e pelos esforços desenvolvidos para a manutenção do Liceu Central de Ponta Delgada. De entre as acções filantrópicas que empreendeu, destaca o jornal “Açoreano Oriental”, em Abril de 1860, o seu contributo para "brindar o capitão da escuna inglesa `Ocean Baid' Mr. John Whenton Pring, sua tripulação, prático, quatro barqueiros e seu barco de serviço, que foram no dia 11 de Abril corrente explorar as Formigas em busca de náufragos, que se dizia terem ali na semana antecedente acendido fogueiras para chamar a atenção de quem lhes acudisse" (in José Andrade).




Cruzamento da Rua da Esperança com a Rua da Cruz (à direita) e Rua da Canada, hoje Diário dos Açores (à esquerda). Em frente a Rua Marquês da Praia.
Notar que a casa da esquina da direita era uma bonita casa do séc. XVIII com varandas em madeira. Foi depois substituída por outra dos finais do séc. XIX que agora tem o seu r/c desfigurado pela instalação duma farmácia.
Carlos F. Afonso
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segunda-feira, março 14, 2005

Volta que estás perdoada


Em dia de parabéns a esta casa, roguei pragas à Sata que me fartei.
Na próxima viagem que me levar a São Miguel, a Sata cobrar-me-á o que nunca me cobrou.
Valeu a pena a abertura de espaço aéreo?
Na parte que me toca, eu diria que não.
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segunda-feira, março 07, 2005

Insólito e Misterioso II


Ainda e a propósito da “Santa da Lapinha

Ontem num jantar de amigos recordamos o que aqui escrevi sobre a “Santa da Lapinha”.
Na altura disse que estava seguro de que não era um culto católico porque a posição, a atitude e a postura semi-nua da “Santa” não se coadunava com a iconografia puritana da Igreja Católica. A cor do manto, vermelho em vez de azul, e os seios desnudados assim me fizeram pensar. Puro erro!
Na Ermida de S.Sebastião de Rabo de Peixe, concelho da cidade da Ribeira Grande, em S.Miguel, existe uma pequena imagem de Santa Maria Madalena, de 30 cm de comprimento, em atitude semelhante à descrita e no seu todo irmã gémea da referida imagem, classificada como sendo do séc.XVII e portanto muito anterior à da “Santa da Lapinha”.
Trata-se duma imagem de ignimbrito policromado com 30x88x33 cm
A escultura, reclinada em atitude de reflexão, com o livro de orações, apresenta os cabelos soltos em madeixas, fazendo lembrar a imagem de Santa Maria Madalena dos Bons Pastores luso-orientais. (Catálogo da Exposição “Os Descobrimentos e a Arte”, Museu Carlos Machado de Ponta Delgada, 1996, pág. 107, peça nº 84 ).




Carlos F. Afonso
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domingo, março 06, 2005

Só me faltava mais esta...


Você é uma formiga trabalhadora!
Não é fábula, não! Seus objetivos são conquistados com muito suor e aplicação. Você sabe que nada cai do céu e só o trabalho enaltece o homem. Sua cabeça também não pára. O negócio é produzir o tempo todo. Ficar sem fazer nada faz mal pra você. Esta perseverança garante uma vida material bem sucedida. Mas, para que isto aconteça, nunca deixe de trabalhar em equipe e colaborar com os outros. No formigueiro, uma mão lava a outra.

Isto não podia retratar melhor as minhas últimas semanas....


E vocês, que bicho são?
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quarta-feira, março 02, 2005

Terra afectada por explosão astronómica **

Esqueça o "Dia da Independência" ou a "Guerra dos Mundos". No passado mês de Dezembro, uma explosão cósmica monstruosa mostrou que a Terra corre maior perigo devido às ameaças reais do espaço do que devido às hipotéticas invasões alienígenas.

A explosão de raios-gama, que por breves instantes ofuscou o brilho da Lua Cheia, ocorreu no interior da Via Láctea. Embora à distância de 50 000 anos luz, a explosão teve um efeito disruptivo na ionosfera da Terra. Se esta explosão tivesse ocorrido num raio de 10 anos-luz da Terra, destruiria grande parte da camada de ozono, provocando assim extinções devido ao aumento de radiação.

Astronomicamente falando, esta explosão ocorreu no nosso quintal. Se tivesse ocorrido na nossa sala de estar, estaríamos numa "situação complicada"!

Detectada a 27 de Dezembro de 2004, a explosão gigante proveio de uma estrela de neutrões exótica e isolada, no interior da Via Láctea. Este evento explosivo foi mais potente do que qualquer outro previamente registado na nossa galáxia.

Para os astrónomos, assim como para uma estrela-de-neutrões, este evento poderá ser um daqueles que só ocorrem uma vez na vida. Tinha-se conhecimento de apenas outras duas explosões gigantes nos últimos 35 anos, e o evento do passado mês de Dezembro foi cem vezes mais potente.

O recém-lançado satélite Swift, da NASA, e o Very Large Array (VLA), foram dois dos vários observatórios que observaram o evento, proveniente da estrela de neutrões SGR 1806-20, localizada a cerca de 50 000 anos luz da Terra na constelação de Sagitário.

As estrelas de neutrões formam-se a partir de estrelas colapsadas. Estas são densas, altamente magnéticas, a sua velocidade de rotação é elevada e o seu diâmetro é de apenas 20 quilómetros aproximadamente. Possuidora de um campo magnético ultra-forte capaz de retirar informação de um cartão de crédito a uma distância equivalente a metade da distância Terra-Lua, a SGR 1806-20 é uma estrela de neutrões invulgar designada por "magnetoestrela"

Entre as várias estrelas de neutrões existentes na Via Láctea, são conhecidas apenas 10 "magnetoestrelas". Felizmente, nenhum destes objectos se encontra num local próximo da Terra. Uma explosão como esta que tivesse lugar num raio de uns poucos biliões de quilómetros poderia realmente estragar o nosso dia.

O campo magnético poderoso da "magnetoestrela" gerou a explosão de raios-gama num processo violento conhecido como "reconexão magnética", que liberta grandes quantidades de energia. O mesmo processo, numa escala muito menor, dá origem às espículas solares.

Esta erupção foi uma super-super-super espícula solar em termos de energia libertada.

Com o auxílio do VLA e de outros três radio-telescópios, a equipa responsável por esta descoberta detectou material ejectado pela explosão à velocidade de três décimos da velocidade da luz. Esta velocidade extrema, juntamente com uma visão próxima do evento, permitiu observar mudanças de brilho numa questão de dias.

A descoberta de uma explosão de raios-gama tão próxima como esta, ofereceu aos cientistas uma vantagem enorme, permitindo que estes a estudem com um detalhe nunca antes conseguido. Pode-se de facto observar a estrutura resultante da explosão, e ver a forma como varia de dia para dia. Essa combinação é completamente sem precedentes.




**Não, isto não é um exercício de treino para a protecção civil.
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terça-feira, março 01, 2005

Brincadeira de mau gosto ou a estupidez personificada?

Hoje, à hora de almoço, o noticiário da RTP-Açores abriu com um jornalista com cara de parvo a noticiar que a Vila da Povoação tinha sido destruída por um sismo de grau 10 na escala de Mercalli modificada. Após um interminável silêncio foi noticiado que se tratava de um mero exercicíco de treino para a Protecção Civil.

Pelo modo, pelo tom e pela estupidez com que foi lida a notícia, no mínimo, deveria ser suspenso o responsável pelos noticiários da RTP-Açores!

Não devem ser dados meios a quem não sabe usá-los ou que os usa sem profissionalismo e sem critério.

Será que vale a pena ter uma RTP regional?



Carlos F. Afonso
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Outro 1 de Março

Ele há Águas de Março (uma ideia para o André nos dar música).
Ele há um 1 de Março autonómico, tão bem lembrado aqui.
E ele há um 1 de Março mais recente, que nos trouxe um fervoroso defensor das ilhas e suas gentes. Parabéns Nuno.
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