Ponta Delgada - Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento XLVI
Chegamos agora à rotunda da Avenida Príncipe do Mónaco.
Longa história tem esta pobre rotunda abandonada durante 90 anos, surgiu nos finais dos anos noventa com um “arranjo” para a sua urbanização e embelezamento que ficará na história da cidade como mais uma das muitas aberrações que se têm realizado em nome do progresso, do bom senso e do bom gosto. Sendo muito de muito mau gosto e de má concepção, não será contudo dos piores atentados cometidos, uma vez que não destruiu nada de significativo limitando-se a ser, apenas, um monumento ao mau gosto. Reconhece-se, contudo, pelos encómios que o seu promotor usou, com placa laudatória (já retirada), o ridículo da sua promoção e execução. Diz-se que serviu para esconder despesas governamentais não orçamentadas, ou pior do que isso! Seja o que for ele lá está, rodeado de palmeiras, em que pelo menos uma foi roubada a um particular, o que originou uma série de protestos nos jornais da época …
Monumento, não se sabe a quê, situado na Rotunda da Avenida Príncipe do Mónaco já após a tentativa de embelezamento
A Avenida do Príncipe do Mónaco foi inaugurada com pompa e circunstância, em 2 de Janeiro de 1904, pelo próprio Príncipe Alberto do Mónaco. O príncipe, amigo e companheiro de D. Carlos, investigador oceanográfico de mérito, veio por várias vezes a S. Miguel.
Recepção ao Príncipe Alberto, no Largo da Matriz, quando da inauguração da Avenida com o seu nome
Inauguração da Avenida do Príncipe do Mónaco em 2-1-04. Com tal pompa e circunstância esperar-se-ia que a Avenida estivesse destinada a ser uma zona nobre da cidade. Tal não aconteceu. Nela termina a actual pista do aeroporto e construíram-se pequenas casas de desinteressante arquitectura, armazéns e uma fábrica
O príncipe Alberto lendo o seu discurso
A Avenida conduz-nos aos subúrbios da cidade e à Rua do Ramalho, onde termina o perímetro urbano actual da cidade para poente.
Francisco Ramalho de Queirós, natural de Amarante. Testou em 11-6-1598, instituindo o vínculo do Ramalho. Era sobrinho do bacharel João Gonçalves e era no século XV um abastado proprietário na rua que hoje ostenta o seu nome. Segundo escreveu Gaspar Frutuoso, no caminho, pela terra dentro, até o lugar da Relva, está, saindo da cidade, a quinta de Francisco Ramalho "toda cercada de alto muro, dentro da qual tem seus ricos aposentos e todas as coisas com grande ordem, seu pombal e tanque, para beberem os bois e cavalos e mais bestas de serviço, de que tiram água para lavar roupa quase todo o ano, ao qual vem água de fora do caminho e dele vai também para um fresco pomar, em que aproveita toda". (...) "Tem também três engenhos, com seu campo de caniços e sua tulha muito grande, em que grana se pastel, de que fará mil quintais cada um ano, e dois grandes granéis, um para trigo e outro para cevada e centeio, na lójea dos quais tem dois engenhos e guarda neles toda a fábrica da abegoaria de seu serviço". Conta ainda Frutuoso que na outra parte do mesmo caminho, para norte, se encontrava a quinta do seu sogro, Afonso Anes (in José Andrade).
Carlos F. Afonso
Longa história tem esta pobre rotunda abandonada durante 90 anos, surgiu nos finais dos anos noventa com um “arranjo” para a sua urbanização e embelezamento que ficará na história da cidade como mais uma das muitas aberrações que se têm realizado em nome do progresso, do bom senso e do bom gosto. Sendo muito de muito mau gosto e de má concepção, não será contudo dos piores atentados cometidos, uma vez que não destruiu nada de significativo limitando-se a ser, apenas, um monumento ao mau gosto. Reconhece-se, contudo, pelos encómios que o seu promotor usou, com placa laudatória (já retirada), o ridículo da sua promoção e execução. Diz-se que serviu para esconder despesas governamentais não orçamentadas, ou pior do que isso! Seja o que for ele lá está, rodeado de palmeiras, em que pelo menos uma foi roubada a um particular, o que originou uma série de protestos nos jornais da época …
Monumento, não se sabe a quê, situado na Rotunda da Avenida Príncipe do Mónaco já após a tentativa de embelezamento
A Avenida do Príncipe do Mónaco foi inaugurada com pompa e circunstância, em 2 de Janeiro de 1904, pelo próprio Príncipe Alberto do Mónaco. O príncipe, amigo e companheiro de D. Carlos, investigador oceanográfico de mérito, veio por várias vezes a S. Miguel.
Recepção ao Príncipe Alberto, no Largo da Matriz, quando da inauguração da Avenida com o seu nome
Inauguração da Avenida do Príncipe do Mónaco em 2-1-04. Com tal pompa e circunstância esperar-se-ia que a Avenida estivesse destinada a ser uma zona nobre da cidade. Tal não aconteceu. Nela termina a actual pista do aeroporto e construíram-se pequenas casas de desinteressante arquitectura, armazéns e uma fábrica
O príncipe Alberto lendo o seu discurso
A Avenida conduz-nos aos subúrbios da cidade e à Rua do Ramalho, onde termina o perímetro urbano actual da cidade para poente.
Francisco Ramalho de Queirós, natural de Amarante. Testou em 11-6-1598, instituindo o vínculo do Ramalho. Era sobrinho do bacharel João Gonçalves e era no século XV um abastado proprietário na rua que hoje ostenta o seu nome. Segundo escreveu Gaspar Frutuoso, no caminho, pela terra dentro, até o lugar da Relva, está, saindo da cidade, a quinta de Francisco Ramalho "toda cercada de alto muro, dentro da qual tem seus ricos aposentos e todas as coisas com grande ordem, seu pombal e tanque, para beberem os bois e cavalos e mais bestas de serviço, de que tiram água para lavar roupa quase todo o ano, ao qual vem água de fora do caminho e dele vai também para um fresco pomar, em que aproveita toda". (...) "Tem também três engenhos, com seu campo de caniços e sua tulha muito grande, em que grana se pastel, de que fará mil quintais cada um ano, e dois grandes granéis, um para trigo e outro para cevada e centeio, na lójea dos quais tem dois engenhos e guarda neles toda a fábrica da abegoaria de seu serviço". Conta ainda Frutuoso que na outra parte do mesmo caminho, para norte, se encontrava a quinta do seu sogro, Afonso Anes (in José Andrade).
Carlos F. Afonso
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