Sim! é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruçoz,
Olhar apenas uma luz distante!
É preciso passar sobre ruínas,
Como quem vai pisando um chão de flores!
Ouvir maldições, ais e clamores,
Como quem ouve músicas divinas!
Beber, em taça túrbida, o veneno,
Sem contrair o lábio palpitante!
Atravessar os círculos de Dante,
E trazer desse inferno o olhar sereno!
Ter um manto de casta luz das crenças,
Para cobrir as trevas de miséria!
Ter a vara, o condão da fada aérea,
Que em ouro torne estas areias densas!
E, quando, sem temor e sem saudade,
Poderdes, d'entre o pó dessa ruína,
Erguer o olhar à cúpula divina,
Heis-de então ver a nova-claridade!
Heis-de então ver, ao descerrar do escuro,
Bem como o cumprimento de um agouro,
Abrir-se, como grandes portas de ouro,
As imensas auroras do Futuro!
(Antero de Quental, nascido nesta data, há 163 anos)
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruçoz,
Olhar apenas uma luz distante!
É preciso passar sobre ruínas,
Como quem vai pisando um chão de flores!
Ouvir maldições, ais e clamores,
Como quem ouve músicas divinas!
Beber, em taça túrbida, o veneno,
Sem contrair o lábio palpitante!
Atravessar os círculos de Dante,
E trazer desse inferno o olhar sereno!
Ter um manto de casta luz das crenças,
Para cobrir as trevas de miséria!
Ter a vara, o condão da fada aérea,
Que em ouro torne estas areias densas!
E, quando, sem temor e sem saudade,
Poderdes, d'entre o pó dessa ruína,
Erguer o olhar à cúpula divina,
Heis-de então ver a nova-claridade!
Heis-de então ver, ao descerrar do escuro,
Bem como o cumprimento de um agouro,
Abrir-se, como grandes portas de ouro,
As imensas auroras do Futuro!
(Antero de Quental, nascido nesta data, há 163 anos)
<< Home