segunda-feira, abril 25, 2005

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

(José Afonso)

Não me lembro do dia 25 de Abril de 1974.
Do que fiz, do que vi, do que senti.
A verdade é que não percebi, nem senti, nada. Não tinha idade para isso.
O que apenas me lembro da época que esta data inaugurou é da música e da discussão.
A música dava repetidamente no televisor pequeno, a preto e branco, que tínhamos na sala.
Ao que me contam, animadamente eu dizia que era a música do "Spila". Que me perdoem Zeca Afonso e outros autores de Abril por esta usurpação.
Hoje não guardo recordações de músicas de Natal em português, e as poucas infantis que sei são as tradicionais que se ouviam no Fungagá da Bicharada.
Mas as músicas da Revolução, sobretudo Grândola e a Gaivota, são músicas da minha infância, de que me lembro e guardo.
A discussão, essa foi uma nova forma de ver o meu Pai lidar com os amigos. A par dos serões naquele quarto castanho lá do fundo, sentado numa cadeira de braços com a sua tábua de cortiça e os seus calhamaços que eu um dia acho que pintalguei, envolto em fumo, onde costumava estudar com V., passaram a existir, e eu ouvi também, as calorosas conversas sobre política. Com D. lembro-me de uma, mas também devem ter existido com T. e com J.S.
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