domingo, outubro 03, 2004

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - IV

A rua de nascente com início na Pranchinha passava pela antiga ermida de Nossa Senhora da Boa Nova mandada edificar em 1610 por Pedro Borges de Sousa ou de Gandia e sua mulher, Maria de Medeiros Araújo, junto à sua residência e demolida nos séc. XIX para se construir o Estabelecimento Prisional da Cidade.

Logo a seguir à Pranchinha, foram abertas no séc. XIX quatro ruas para o norte que ligam a Rua da Calheta à Estrada das Laranjeiras.

A primeira é um simples beco chamado actualmente Rua Medeiros Albuquerque.
Manuel de Medeiros Albuquerque, 2° Visconde das Laranjeiras, nasceu em Ponta Delgada, em 1848, e faleceu no ano de 1933.
Seguiu carreira diplomática, como adido à Legação Portuguesa em Paris, sendo então agraciado pelo governo francês com o Habito da Legião d'Honra e, por proposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros, foi feito Comendador de Cristo. ( in José Andrade, A Face Humana da Toponímia de Ponta Delgada, Ed. da CMPD, 2001)

Outra das ruas é a Rua do Barão das Laranjeiras aforada pelo Barão.
O morgado Manuel de Medeiros da Costa Canto e Albuquerque, que foi o 1° Barão das Laranjeiras, nasceu em Ponta Delgada, a 11 de Abril de 1788, e faleceu no dia 28 de Abril de 1847, exercendo as funções de Presidente da Junta Governativa. Envergando a farda de militar, foi auxiliar o exército que acompanhou D. Pedro IV às praias do Mindelo, arriscando toda a sua fortuna pela causa liberal. Em 1838, exerceu as funções de chefe governativo da Ilha de São Miguel, como seu administrador geral, e, em 1846, assumiu o cargo de Presidente da Junta Governativa das Ilhas de São Miguel e Santa Maria, resultante da adesão à revolta da Maria da Fonte. Em 1868/69, foi Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Agraciado pelo Duque de Bragança com a Carta de Conselho, em 1832, a Rainha D. Maria II conferiu-lhe ainda o título de Barão das Laranjeiras, em 27 de Maio de 1836. Em 1842, foi elevado a Par do Reino. ( in José Andrade, A Face Humana da Toponímia de Ponta Delgada, Ed. da CMPD, 2001)

A terceira rua e a Rua do Laureano igualmente aforada pelo Morgado Laureano.
O morgado Laureano Francisco da Câmara Falcão nasceu na Vila do Porto, e era filho do capitão-mór, Manuel José da Câmara Coutinho e de D. Bernarda Miquelina do Canto Côrte-Real.
A Ilha da Madeira deve-lhe o estabelecimento da cultura do milho, em 1847, cultura que inicialmente se fez no distrito do Funchal no prédio vincular chamado " Ilha", pertencente ao morgado Laureano. Sementes, trabalhadores e instrumentos de lavoura levou-os da Ilha de S. Miguel e tão bons resultados deu este acto de sua iniciativa que foi louvado pelo governador do distrito, pelas câmaras municipais do Funchal e Sant'Ana e em portaria do Ministério do Reino de 8 de Março de 1849.
Em diversa épocas foi conselheiro do distrito de Ponta Delgada, exercendo nessa qualidade as funções de governador civil, Como deputado conseguiu que fosse criado o curato da Almagreira, na ilha de Santa Maria que se fizessem várias dotações para obras públicas, etc., etc. Como político era cartista conservador, o partido de Fontes Pereira de Melo, a que se conservou fiel, apesar do Duque de Loulé querer atraí-lo para o seu lado, chegando a oferecer-lhe o título de Visconde de S. Jorge, nome da freguesia da ilha da Madeira onde possuía o seu prédio vincular a "Ilha" ou Visconde da Almagreira, sítio da ilha de Santa Maria, onde tinha um magnífico prédio que foi vinculado por seu 12º avô Heitor Gonçalves Minhoto casado com D. Joana Soares de Sousa, filha do segundo capitão do donatário João Soares de Albergaria e de D. Branca de Sousa Falcão. O morgado Laureano Francisco da Câmara Falcão falceu em 1868 na sua casa da Quinta do Tanque, às Laranjeiras.(In "Album Açoreano" pag.263 assinado por Luís Bettencourt)


A quarta das ruas a que nos referimos é a Rua do Moinho de Vento.

Carlos F. Afonso

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