O Aborto
Nos comentários a post anterior o Victor lançou-me um repto e, por isso, aqui venho dizer o que (disp)penso sobre o aborto.
A meu ver, uma coisa é o que moral, cientifica, social e politicamente pode ser discutido, e é, quanto à não penalização/legalização do aborto.
A discussão sobre o que é (até para a definição de "interrupção voluntária" há discussão) sobre as consequências (emocionais, psíquicas e sociais) que tem, e sobre a sua legalização ou não, assenta em pressupostos de todas (ou algumas) dessas vertentes.
Eu, por maior conhecimento, percepção ou compreensão que tenha de uns ou outros argumentos, abstraio-me, de facto, de alguns deles e tenho a "minha consciência", ou ideias (e dúvidas também) sobre a questão.
O que a minha consciência sente é que qualquer aborto, enquanto decisão voluntária e consciente, é, ou pode, ser brutal, por um lado, e repugnante, por outro.
Acho o aborto brutal porque aceito que há motivos que justificam a decisão de o fazer mas, ainda assim, acredito que para quem o faz, não é de ânimo leve e de vontade livre que o assume. Assim, mesmo que a vida começe antes da vida cerebral, aceito este acto que, nessa perspectiva, será a de matar.
Os motivos que me parecem justificar um acto tão brutal são: a saúde/vida da grávida, a saúde/vida do zigoto/embrião/feto, a gravidez forçada por acto de violação ou outro qualquer crime sexual. E em qualquer dos casos, sempre que tal seja possível e seguro para a grávida, sem limitações de prazos tal como existem na nossa lei.
Em todos os outros casos, não deixando o aborto de ser brutal, para mim é repugnante. Acima de tudo porque traduz um não assumir de consequências (a gravidez, e o que ela traz), de algo que se fez com vontade e certamente (espera-se) com prazer, sem pensar ou querer pensar no que pode acontecer. E porque em alguns casos, pelo menos a partir da vida cerebral (para aqueles para quem a vida só aqui começa), isso significa matar.
Dir-me-ão...e os azares?
Os azares para mim assumem-se, porque quem anda à chuva, molha-se.
E mesmo que seja uma menina de 13 ou 14 anos?
Quer me parecer que as meninas que hoje têm 13 ou 14 anos não são iguais às que há 20 anos atrás tinham 13 ou 14 anos. Ou pelo menos nem todas são iguais, pelo que se não sabem, deveriam saber as consequências
Se a menina de 13 ou 14 anos não tem condições psíquicas, emocionais, sociais e até económicas para gerar e ficar com o filho penso que deviam ser ponderadas (avaliadas e até acompanhadas) outras soluções.
Isto porque nunca esqueço (e inclusivamente comove-me) os pais que não podem nem conseguem ter filhos e pretendem adoptar.
E quanto à criminalização/legalização?
Não sei qual a resposta do ToZé à pergunta retórica que nos deixou, mas a meu ver o aborto, ou o que se pense sobre ele, é moldado por princípios ou preocupações morais, sociais e científicas que não têm cor nem lado político.
Não se é favor da criminalização só porque se é de direita (Hilter, nas nações ocupadas, de raça não ariana, legalizou o aborto) e conservador.
Eu sou essencialmente conservadora e acho que, mesmo nos casos que me repugnam, as mulheres que o praticam não deviam ser punidas criminalmente. Daí não se justificar, sequer, a previsão na lei do crime.
Embora sem sanção criminal (sobretudo a prisão), parece-me que não deveria ser "liberalizado" o aborto, no sentido de ser aceite naturalmente como método contraceptivo igual a outros e de ser deixado à consciência de cada um.
Assim o diz a minha consciência, a repugnância a que acima me refiro, e talvez o meu conservadorismo.
E aqui sim, aceito que por intervenção política - se a maioria assim o achar, ou seja, se a maioria tiver a repugnância que também tenho - se regulem consequências para o acto.
A repressão poderia fazer-se com outra sanção, que não criminal, e far-se-á certamente pelas consequências que o acto deixa na pele e na psique de quem o cometeu.
E a repressão poderia também fazer-se sobre quem ajuda a mãe - o(a) médico(a), o parteiro(a) ou quem quer que seja, e onde quer que seja (em clínicas de luxo ou nos vãos de escada) - fora dos casos justificáveis.
A meu ver, uma coisa é o que moral, cientifica, social e politicamente pode ser discutido, e é, quanto à não penalização/legalização do aborto.
A discussão sobre o que é (até para a definição de "interrupção voluntária" há discussão) sobre as consequências (emocionais, psíquicas e sociais) que tem, e sobre a sua legalização ou não, assenta em pressupostos de todas (ou algumas) dessas vertentes.
Eu, por maior conhecimento, percepção ou compreensão que tenha de uns ou outros argumentos, abstraio-me, de facto, de alguns deles e tenho a "minha consciência", ou ideias (e dúvidas também) sobre a questão.
O que a minha consciência sente é que qualquer aborto, enquanto decisão voluntária e consciente, é, ou pode, ser brutal, por um lado, e repugnante, por outro.
Acho o aborto brutal porque aceito que há motivos que justificam a decisão de o fazer mas, ainda assim, acredito que para quem o faz, não é de ânimo leve e de vontade livre que o assume. Assim, mesmo que a vida começe antes da vida cerebral, aceito este acto que, nessa perspectiva, será a de matar.
Os motivos que me parecem justificar um acto tão brutal são: a saúde/vida da grávida, a saúde/vida do zigoto/embrião/feto, a gravidez forçada por acto de violação ou outro qualquer crime sexual. E em qualquer dos casos, sempre que tal seja possível e seguro para a grávida, sem limitações de prazos tal como existem na nossa lei.
Em todos os outros casos, não deixando o aborto de ser brutal, para mim é repugnante. Acima de tudo porque traduz um não assumir de consequências (a gravidez, e o que ela traz), de algo que se fez com vontade e certamente (espera-se) com prazer, sem pensar ou querer pensar no que pode acontecer. E porque em alguns casos, pelo menos a partir da vida cerebral (para aqueles para quem a vida só aqui começa), isso significa matar.
Dir-me-ão...e os azares?
Os azares para mim assumem-se, porque quem anda à chuva, molha-se.
E mesmo que seja uma menina de 13 ou 14 anos?
Quer me parecer que as meninas que hoje têm 13 ou 14 anos não são iguais às que há 20 anos atrás tinham 13 ou 14 anos. Ou pelo menos nem todas são iguais, pelo que se não sabem, deveriam saber as consequências
Se a menina de 13 ou 14 anos não tem condições psíquicas, emocionais, sociais e até económicas para gerar e ficar com o filho penso que deviam ser ponderadas (avaliadas e até acompanhadas) outras soluções.
Isto porque nunca esqueço (e inclusivamente comove-me) os pais que não podem nem conseguem ter filhos e pretendem adoptar.
E quanto à criminalização/legalização?
Não sei qual a resposta do ToZé à pergunta retórica que nos deixou, mas a meu ver o aborto, ou o que se pense sobre ele, é moldado por princípios ou preocupações morais, sociais e científicas que não têm cor nem lado político.
Não se é favor da criminalização só porque se é de direita (Hilter, nas nações ocupadas, de raça não ariana, legalizou o aborto) e conservador.
Eu sou essencialmente conservadora e acho que, mesmo nos casos que me repugnam, as mulheres que o praticam não deviam ser punidas criminalmente. Daí não se justificar, sequer, a previsão na lei do crime.
Embora sem sanção criminal (sobretudo a prisão), parece-me que não deveria ser "liberalizado" o aborto, no sentido de ser aceite naturalmente como método contraceptivo igual a outros e de ser deixado à consciência de cada um.
Assim o diz a minha consciência, a repugnância a que acima me refiro, e talvez o meu conservadorismo.
E aqui sim, aceito que por intervenção política - se a maioria assim o achar, ou seja, se a maioria tiver a repugnância que também tenho - se regulem consequências para o acto.
A repressão poderia fazer-se com outra sanção, que não criminal, e far-se-á certamente pelas consequências que o acto deixa na pele e na psique de quem o cometeu.
E a repressão poderia também fazer-se sobre quem ajuda a mãe - o(a) médico(a), o parteiro(a) ou quem quer que seja, e onde quer que seja (em clínicas de luxo ou nos vãos de escada) - fora dos casos justificáveis.
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