sexta-feira, abril 23, 2004

Grito da Liberdade

Há muitos, muitos anos,
Quando um dia, a luz se apagou,
Muitos quiseram trazer de volta,
Aquilo que a noite levou

Homens e mulheres de sonhos feitos,
Armados pelo espírito Liberdade,
Por entre as grades soltavam,
Um olhar de esperança. E de saudade

Calavam-se as bocas sábias,
Algemavam-se as mãos calejadas.
Não sabiam os senhores que mandavam,
Que quanto mais bocas selavam,
Cada vez mais outras se abriam,
Cada vez mais bocas falavam

Não sabiam os senhores que mandavam,
Que as mãos que prendiam,
Eram almas que se soltavam

E um dia fez-se sol,
Lá no alto, bem lá no cimo,
Ergueu-se uma flor. Um Cravo,
Para fazer esquecer tudo.
Anos e anos de amargo travo

Muito tempo depois,
Se calhar tempo demais,
Os espíritos, que tão livres eram,
Vestiram fato e gravata,
Mas nada de novo trouxeram

Hoje, prendem eles quem pensa,
Acusam de louco quem sonha,
Riem-se de um ideal, de uma crença,
Lançam um olhar sobranceiro,
Sobre quem mais precisa,
Sobre quem devia estar primeiro

E hoje já não sentem,
Agora fazem contas.
E mentem,
Trazem as verdades já prontas

E voltou a escuridão,
Mascarada pela luz artificial,
Que foi trazida pela mão,
De quem se dizia liberal

Não sabem os senhores que agora mandam,
Que não se fecha um pensamento,
Que não se cala uma mão,
Que quando no ar, se ouve um lamento,
Esse som é, na verdade,
O grito da Liberdade,
Trazido pelo vento


(Ricardo Santos)

Vou e já não devo voltar a tempo de postar no 25...

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