domingo, abril 18, 2004

Um explorador açoreano no séc XVII – BENTO DE GÓIS

Nasceu este notável micaelense em 1562 em Vila Franca do Campo. Foi para a Índia como soldado e ali entrou para a Companhia de Jesus em 1588. Acompanhou os missionários Júlio Xavier (primo do notável Francisco Xavier) e o nosso conterrâneo Manuel Pinheiro a Lahore, numa embaixada ao tolerante e culto Imperador Akbar. Foi por sua influência que se evitou não só a invasão das nossas possessões como ainda conseguiu o resgate e trouxe para Goa os prisioneiros portugueses em Lahore. Imaginando que para Norte havia um reino cristão o que permitiria o estabelecimento de relações políticas e comerciais, o que sendo falso tinha por base o conhecimento da existência no séc.VII de uma pequena comunidade cristã no nordeste da China.
Foi escolhido o nosso ilustre conterrâneo para a espinhosa e difícil missão – devido aos primitivos conhecimentos geográficos da época - pelas suas qualidades já demonstradas junto de Akbar, tendo este inclusive subsidiado este seu amigo.
Partiram de Agra em 2 de Outubro de 1602 em direcção a Lahore e Kaboul, Bento de Góis, dois gregos e um arménio Isaac que foi o seu companheiro até ao fim da sua malograda viagem disfarçados de comerciantes muçulmanos e incorporados numa numerosa caravana de comerciantes. Bento de Góis tomou o nome de Abdulah Isai (isai em arménio quer dizer cristão).
Após inúmeras peripécias chegou finalmente Bento de Góis, ao fim de 4 tormentosos anos, à fronteira da China (Cathay) a Chou-Tcheou em 1606, tendo aí falecido em 11 de Abril de 1607, havendo suspeita de envenenamento talvez pelos companheiros árabes que se encarregaram de destruir, ainda que parcialmente, o seu famoso diário, talvez para esconder as dívidas para com ele contraídas.
O que restou deste precioso diário foi trazido de Pequim para Macau e Malaca pelo fiel companheiro arménio Isaac, depois de reunido e reconstituído por Mateus Ricci, missionário na China desde 1583, baseado nas informações do arménio Isaac e em algumas cartas que Bento de Góis lhe enviara para Pequim.
Vila Franca homenageou-o dando o seu nome ao principal largo da vila.


(In, Arquivo dos Açores)
Mais uma relíquia do meu pai...

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