Amiga Oculta
No escritório onde trabalho a brincadeira do amigo oculto é tradição.
Se houver alguém que não conheça, a brincadeira consiste em tirarmos uma rifa com o nome (no nosso caso são as iniciais com que habitualmente somos "rotulados") de alguém cá da casa a quem temos de ofertar algo no jantar de Natal. Se desvendamos ou não ao nosso "amigo oculto", antes ou depois de lhe darmos o presente, que somos nós o doador fica ao critério de cada um.
Se houver alguém que não conheça, a brincadeira consiste em tirarmos uma rifa com o nome (no nosso caso são as iniciais com que habitualmente somos "rotulados") de alguém cá da casa a quem temos de ofertar algo no jantar de Natal. Se desvendamos ou não ao nosso "amigo oculto", antes ou depois de lhe darmos o presente, que somos nós o doador fica ao critério de cada um.
Eu gosto sempre de dizer a quem dei, depois de dar, e de saber quem me deu, depois de receber, porque as coisas pelas coisas só por si não têm qualquer valor e o abrir do mistério permite que passemos a associar as coisas às pessoas.
No jantar de Natal o momento da oferenda é sempre divertido. A curiosidade de ver a reacção dos "amigos ocultos" ao abrirem os presentes, as tentativas de descobrir quem é que ofertou quem, e as surpresas e alegrias quando passamos a saber de quem fomos o alvo.
Este ano o jantar ainda não foi, a tradição mantém-se para esse dia mas a diversão já começou.
À tradição foi associada a outra brincadeira que é a de fazermos previamente uma quadra ou poema sobre o nosso "amigo oculto" e à medida que vão sendo entregues as quadras elas são publicadas na nossa "Intranet".
Inicalmente, parecendo-me engraçada a ideia, não imaginei que pudesse ter grande adesão ainda que motivada pelos prémios que se prometem para o melhor autor e para o melhor adivinho dos retratados.
Mas a adesão está a ser entusiástica e surpeendentemente vêm-se a descobrir veias poéticas e carácteres observadores e com humor como eu não esperava.
Ontem fui "presenteada" com a publicação da quadra a meu respeito. Senti-me de tal forma retratada até às entranhas que, pelo que é dito, com a correcção e a forma em que o é, só podia vir de alguém próximo não só no trabalho como na amizade.
Descobri imediatamente, e ela não o conseguiu negar apesar da resistência inicial, que era a minha querida Mafalda.
A Mafalda é, das muitas pessoas com quem trabalho, uma das poucas que considero Amiga.
Com uma nobreza de carácter pelos valores que a enformam, é inteligente, conversadora, sensível, meiga, atenciosa e divertida entre outros atributos.
Desde cedo a acolhi como pupila e desde então não parámos de trabalhar juntas e, como é a trabalhar, as "turras" são inevitáveis porque ambas não escondemos o que somos e como somos.
Mas o que fica não são as "turras", mas sim o sorriso franco e bonito da Mafalda, que tudo revela e que tão bem nos faz sentir.
Aqui fica, um dos melhores presentes que vai marcar este Natal:
Deslocou-se para o continente
Deixando a terra do açor
Fez bem, naturalmente!
Veio receber o nosso amor
Na [...] há já muito tempo
Na “litigation” de corpo e alma
Estagiários sempre acolhendo
Nem sempre com toda a calma
Com um certo mau feitio
Mas uma sénior especial
Defende e ataca com muito brio
Advogada como ela não há igual
Não só forte no tribunal
Mas de espírito igualmente
Deixou de se fazer mal
Vivendo saudavelmente
Com ela muito aprendi
Nesta vida tão stressante
Alguns ralhetes ouvi
Mas nada de alarmante
Vamos lá ver se a loiraça
Consegue adivinhar
Quem lhe escreve esta laracha
Deixando a terra do açor
Fez bem, naturalmente!
Veio receber o nosso amor
Na [...] há já muito tempo
Na “litigation” de corpo e alma
Estagiários sempre acolhendo
Nem sempre com toda a calma
Com um certo mau feitio
Mas uma sénior especial
Defende e ataca com muito brio
Advogada como ela não há igual
Não só forte no tribunal
Mas de espírito igualmente
Deixou de se fazer mal
Vivendo saudavelmente
Com ela muito aprendi
Nesta vida tão stressante
Alguns ralhetes ouvi
Mas nada de alarmante
Vamos lá ver se a loiraça
Consegue adivinhar
Quem lhe escreve esta laracha
Sempre, sempre a brincar
(Mafalda Vaz Pinto)
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