quarta-feira, novembro 03, 2004

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXI

Descendo o Largo da Matriz entramos na hoje Praça da República, antiga Praça Velha depois Praça do Município e Praça Dr. João Franco. Seguindo a tradicional distribuição urbana medieval portuguesa, a separação dos poderes espirituais e civis também se traduzia, sob o ponto de vista urbanístico, na separação das localizações das respectivas sedes, a Câmara e a Matriz. Em Angra o mesmo esquema se repete.
A praça sofreu ao longo do tempo várias alterações, sendo as mais agressivas durante o séc. XIX e XX.


Praça do Município vendo-se a Câmara ao fundo e à esquerda as arcadas dos açougues.
Foto tirada do antigo adro da Igreja Matriz.
As arcadas dos açougues foram demolidas em 17-1-1898



Fotografia de 1884 da Praça Velha vendo-se a loja de hortaliças de Filomeno Augusto do Regodestruída e substituída pelo Café Suisso e depois pelo Café Miranda.
Hoje é onde fica o BCP-Milenium.
A seguir ao Azorean Hotel, edifício que ainda existe, os edifícios setecentistas demolidos para a construção da Caixa Geral de Depósitos



Café Suisso que substituiu a loja de hortaliças e depois foi Café Miranda



Praça do Município no séc. XIX. A casa a seguir à antiga Rua da Louça era a Loja de Luís Soares de Sousa



Praça Velha vendo-se o Chafariz de mármore ali colocado em 1848 e depois retirado m 1898 e colocado as Feteiras. De notar o bonito edifício setecentista demolido para construir o Banco de Portugal



Magnífica foto do séc. XIX tirada da torre da Câmara Municipal. Vendo-se a Praça Velha com os seus edifícios intactos. O da esquerda setecentista, demolido para construir a actual Caixa Geral de Depósitos. O da direita com galeria e pináculos de cerâmica ainda existe, a seguir uma casa setecentista demolida para construir o Banco de Portugal os seguintes demolidos para construir os actuais, dos finais dos anos 50 do séc. XX, que constituem o lado poente do” pastiche” do Terreiro do Paço. As arcadas a seguir, antigos açougues, que foram demolidas ainda no séc. XIX para se fazer a Varanda de Pilatos. No cais da Alfandega o primitivo edifício que foi posteriormente modificado e ampliado



Fotografia da Praça Velha vendo-se à direita o actual edifício do Banco de Portugal resultante da demolição dum edifício do séc. XVII. Chafariz já tinha sido removido e substituído por uma fonte de ferro


Aspecto actual da Praça do Município com o edifício do Banco de Portugal e as arcadas do nosso “Terreiro do Paço”. à direita. A estátua do S.Miguel Arcanjo e o insignificante tanque que substituíram o elegante Chafariz e as árvores do séc. XIX. O pavimento do Largo lembra, de forma notável o emblema do CDS


Edifício da Caixa Geral de Depósitos que substituiu o elegante edifício do séc. XVIII



Fotografia do lado sul da Matriz do início do séc. XX, com o adro da Matriz já destruído. O primeiro edifício da esquerda ainda existe mas os seguinte foram já alterados

Na Praça do Município a seguir ao edifício hoje ocupado pelo BCP e dantes ocupado pela loja de hortaliças de Filomeno Augusto do Rego, depois pelo Café Suisso e ainda pelo Café Miranda, situava-se a azinhaga do Tanque, assim chamada porque ali existiu um tanque até 1848 e se situava no passeio fronteiro ao Café Suisso e que desapareceu quando se construiu o bonito chafariz de mármore , colocado em frente à casa da Câmara, no local onde hoje está estátua de S.Miguel e depois transferido para as Feteiras, sendo substituído pelo inestético tanque hoje existente frente à estátua.
A azinhaga do Tanque dirigia-se para norte, até à Rua do Melo e continuava-se pela actual Rua Manuel da Ponte, antiga Rua das Frigideiras, depois chamada da Fonte Velha pela transferência da fonte do Castelo de S. Brás para o local Fonte Velha, no principio de setecentos como Rua do Capitão Jordão Jácome e mais recentemente Rua da Louça, que liga o eixo sul da cidade com o mediano, aqui hoje chamado Rua Machado dos Santos.
Manuel Jacinto da Ponte, natural da freguesia da Maia, faleceu, em Ponta Delgada, a 17 de V1 Dezembro de 1921. Foi professor de sucessivas gerações e presidiu à comissão fundadora do Hospital da Maia. Presidente da Comissão Executiva do Partido Republicano Liberal, foi um dos paladinos do "Movimento da Autonomia" e fez parte da primeira Junta Geral Autónoma, saída das eleições de 8 de Dezembro de 1895, como procurador pelo Concelho de Ponta Delgada. A designação toponímica "Rua Manuel da Ponte" foi atribuída por deliberação camarária de 22 de Abril de 1922. A respectiva placa toponímica foi descerrada, em sessão solene, a 17 de Dezembro de 1922.

Carlos F. Afonso

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