sábado, outubro 30, 2004



O que é que tens urgente para me dizer?

Eles diziam que tinham sete (depois seis) peças curtas para nos apresentar.
Mas não foram curtas.
Foram cheias, recheadas, preenchidas, intensas.
Quer no conteúdo dos textos, excelente, quer na forma pela qual estes foram ditos e representados, marcante.
Ouvimos as respostas aos porquês nunca respondidos, e que aqui são ditos, porque é urgente dizer.
Os porquês para estarmos juntos – conversa, partilha, rotina, sexo, e depois do sexo? – ou os porquês para o fim do amor e para nos separarmos – as discussões, a guerra, a vingança, a insegurança, o silêncio, a surdez, a ilusão.
E ouvimos o que tantas vezes não queremos sequer pensar, e por isso é urgente enfrentar e dizer. As memórias. E o que verdadeiramente é importante - a família, os amigos, os livros, os discos, as viagens, enfim, o nosso eu - sem estarmos amarrados a uma agenda e à agenda que nos impõe a sociedade.
Desafiada pela Inês vou tentar fazer a escolha.
Mas é difícil escolher uma, ou mais do que uma, como a melhor. Comungando da urgência e da qualidade, são todas tão diferentes que é difícil, por isso, comparar e escalonar.
Mas se na qualidade elas não se distinguem o mesmo não se passa naquilo que cada texto toca ou diz a cada um de nós.
A mim, de uma maneira ou de outra, por uma razão ou por outra, tocaram-me todos, mas em especial “Problemas de Agenda”, “Ctrl+Alt+Del” e “Azul a Cores”.
Com os “Problemas de Agenda”, do Nuno Costa Santos emocionei-me. Porque ouvi este texto com mais atenção, dada a maior atenção que o Nuno, como amigo de infância, me suscita e me merece.
Mas sobretudo porque o texto, que não sei se é auto-bibliográfico (e até pode não ser) fala de familiares, e se forem os do Nuno, à excepção do filho recentemente nascido, conheço-os a todos.
E fala de amigos, e do reencontro de amigos, e como eu tive pena de não o reencontrar ontem no Maria Matos.
E fala, enfim, de tudo o que verdadeiramente é importante.

E agora meus caros, o que é urgente eu dizer-vos é que vou aproveitar a companhia dos meus pais que chegam hoje.
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