terça-feira, outubro 26, 2004

Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XIX

Prosseguindo pelo lado norte da Matriz cruzamos outra rua.
A hoje Rua Hintze Ribeiro , antiga Rua do Frade, mas que no séc. XVI se chamou «Rua do Lic.do Manoel Garcia », de « Manoel Garcia », do « Garcia », ou só do «Mestre Garcia ».


(Arquivo de Fotografia de Lisboa)
Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro nasceu em Ponta Delgada, a 7 de Novembro de 1849, e faleceu em Lisboa, no dia 1 de Agosto de 1907.
Formou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, em 1872, e regressou a S. Miguel para exercer advocacia por cerca de seis anos apenas.
Em 1878, foi eleito deputado por P. Delgada. Em 1881, foi nomeado Ministro das Obras Públicas, depois Ministro dos Estrangeiros, da Fazenda e do Reino. Foi Par do Reino em 1886 e Conselheiro do Estado em 1891. Foi Presidente do Conselho, de 1893 a 1897, de 1900 a 1904 e, ainda, de Março a Maio de 1906.
Era, assim, Chefe do Governo quando foi aprovado o Decreto Autonómico de 2 de Março de 1895.
Os Açores devem-lhe, igualmente, outros benefícios, como o cabo submarino, o telégrafo terrestre em S. Miguel, a lei de farolagem, a conservação do Tribunal da Relação, a criação da Escola de Pilotagem Côrte-Reais, os primeiros trabalhos para a instalação da telegrafia sem fios, a promoção do Liceu Central de Ponta Delgada e a organização dos Serviços Meteorológicos.
Eleito Chefe do Partido Regenerador, em 1900, foi agraciado com a Grã-Cruz da Torre e Espada e dignatário dos mais altos graus de distintas ordens estrangeiras, como Cavaleiro do Tosão de Ouro, de Espanha, e a Ordem dos Serafins, da Suécia, com honras de Príncipe nos respectivos países.
Fora dos cargos políticos, foi vogal do Supremo Tribunal Administrativo e vice-governador da Companhia Geral do Crédito Predial Português. Era sócio da Academia Real das Ciências e foi autor de diversas obras sobre ciência do Direito.
A designação toponímica “Rua Hintze Ribeiro” foi atribuída por deliberação camarária de 14 de Março de 1895.

A seguir temos a Rua António José de Almeida, antiga Rua Nova aberta em 1554.


António José de Almeida nasceu em 1866 e faleceu em 1929. Médico, escritor e estadista português, foi o sexto presidente da República Portuguesa.
Eleito em 1919, visitou o Brasil em 1922 integrado na campanha de criação de ambiente propício à ideia de uma comunidade luso-brasileira. Grande orador republicano, fundou e chefiou o Partido Evolucionista e o jornal "República". Foi ainda Ministro do Interior do Governo Provisório.
A designação toponímica "Rua António José de Almeida" foi atribuída, por deliberação camarária de 20 de Outubro de 1910, à antiga "Rua Nova da Matriz", no âmbito de outras nomenclaturas igualmente relacionadas com a implantação da República que seriam adoptadas na mesma data - "Praça 5 de Outubro" (Campo de S. Francisco), "Rua Teófilo Braga" (Rua do Cerco), "Largo dos Mártires da Pátria" (Largo da Conceição) e "Praça da República" (Largo de João Franco. Esta última designação de "Largo Conselheiro João Franco" havia sido atribuída ao então "Largo do Município" em 14 de Março de 1895).

Carlos F. Afonso
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