A louca aventura de Diogo Botelho Pereira
Acaba de ser publicado um livro delicioso, profusamente documentado e donde transparece o enorme esforço de investigação do seu autor, o Sr. Manuel Ferreira, ilustre decano dos jornalistas micaelenses e profundo conhecedor da História dos Açores. A lindíssima capa é do Tomaz Vieira.
O livro conta-nos a fabulosa história dum português, Diogo Botelho Pereira, nascido na Índia entre 1506 e 1508. Cedo revelou qualidades de inteligência, dedicando-se à matemática e pilotagem, chegando a ser um cartógrafo de valor.
Veio uma primeira vez a Lisboa, em 1533, oferecer ao D. João III uma carta em doze peles de todo o mundo conhecido até então e pedir-lhe a capitania de Chaúl. Desiludido pela negativa terá afirmado que o conseguiria “pelos seus próprios meios”. Tal afirmação chegou aos ouvidos do Rei que receando nova traição – estava fresca na sua memória a de Fernão de Magalhães – mandou prendê-lo e deportou-o para a Índia, em 1534, na armada de Martim Afonso de Sousa.
Chegado à Índia, revoltado com a sua situação, arquitectou Diogo Botelho Pereira um plano que desfizesse equívocos e o favorecesse aos olhos do Rei. Construiu secretamente uma fusta de apenas 5,5 m (“22 palmos de comprimento e 12 de boca”) (!!!). Aproveitou o fim da construção da fortaleza de Diu (1535) para, na pequeníssima fusta, com a ajuda de uns escravos, vir secretamente a Lisboa, à revelia de todos, dar a nova ao Rei em primeira-mão e assim tentar cair nas suas boas graças.
Ainda passou nos Açores, mas temendo que o Corregedor o prendesse por se tratar dum deportado, não foi a Angra e aportou ao Faial onde, por acidente, se encontrava o Corregedor em vistoria. Conseguiu iludi-lo dizendo que trazia informações importantes e secretas ao Rei e chegou a Lisboa antes da notícia ser conhecida, deixando todos atónitos pelas reduzidíssimas dimensões da embarcação!
O Rei inicialmente reagiu bem, mas depois mandou queimar a fusta para que se não soubesse que era possível atingir a Índia num barco daqueles!
D. João III nunca confiou inteiramente na boa fé de Diogo Botelho Pereira e acabou por lhe confiar a capitania de S.Tomé, onde adoeceu, acabando os seus dias na Índia como capitão de Cananor.
(Carlos F. Afonso)
O livro conta-nos a fabulosa história dum português, Diogo Botelho Pereira, nascido na Índia entre 1506 e 1508. Cedo revelou qualidades de inteligência, dedicando-se à matemática e pilotagem, chegando a ser um cartógrafo de valor.
Veio uma primeira vez a Lisboa, em 1533, oferecer ao D. João III uma carta em doze peles de todo o mundo conhecido até então e pedir-lhe a capitania de Chaúl. Desiludido pela negativa terá afirmado que o conseguiria “pelos seus próprios meios”. Tal afirmação chegou aos ouvidos do Rei que receando nova traição – estava fresca na sua memória a de Fernão de Magalhães – mandou prendê-lo e deportou-o para a Índia, em 1534, na armada de Martim Afonso de Sousa.
Chegado à Índia, revoltado com a sua situação, arquitectou Diogo Botelho Pereira um plano que desfizesse equívocos e o favorecesse aos olhos do Rei. Construiu secretamente uma fusta de apenas 5,5 m (“22 palmos de comprimento e 12 de boca”) (!!!). Aproveitou o fim da construção da fortaleza de Diu (1535) para, na pequeníssima fusta, com a ajuda de uns escravos, vir secretamente a Lisboa, à revelia de todos, dar a nova ao Rei em primeira-mão e assim tentar cair nas suas boas graças.
Ainda passou nos Açores, mas temendo que o Corregedor o prendesse por se tratar dum deportado, não foi a Angra e aportou ao Faial onde, por acidente, se encontrava o Corregedor em vistoria. Conseguiu iludi-lo dizendo que trazia informações importantes e secretas ao Rei e chegou a Lisboa antes da notícia ser conhecida, deixando todos atónitos pelas reduzidíssimas dimensões da embarcação!
O Rei inicialmente reagiu bem, mas depois mandou queimar a fusta para que se não soubesse que era possível atingir a Índia num barco daqueles!
D. João III nunca confiou inteiramente na boa fé de Diogo Botelho Pereira e acabou por lhe confiar a capitania de S.Tomé, onde adoeceu, acabando os seus dias na Índia como capitão de Cananor.
(Carlos F. Afonso)
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