Che Gevara
Nasceu em Rosário, cidade do interior da Argentina, em 15 de Junho de 1928 e foi assassinado na Bolívia em de 9 Outubro de 1967.
Formou-se em Medicina e percorreu vários países latino-americanos mas foi na cidade da Guatemala, nos anos de 1953-54, que se tornou marxista e conheceu Hilda Gadea, com quem casou. Após a invasão americana da Guatemala além de marxista convicto, tornou-se um fervoroso antiamericano. Abandonou o país e foi para o México onde conheceu Fidel de Castro. Foram os seus amigos cubanos que o alcunharam de “Che” pelo hábito que tinha de recorrer a essa expressão. Foi por precisarem de um médico que Fidel de Castro, falhado o assalto ao Quartel de Moncada o convidou a participar na luta armada, partindo no iate “Granma” em direcção a Cuba onde iniciaram a guerrilha contra Fulgêncio Baptista a partir da Sierra Maestra. Baptista foi derrubado na noite de fim do ano de 1959. Começara a Revolução Cubana.
Che foi presidente do Banco Nacional de Cuba e depois Ministro da Indústria. A mentalidade económica dele, inspirada no modelo soviético da época de Stalin, era extremamente centralizadora. Essa perspectiva foi o início das suas divergências com Raul Castro e outros técnicos soviéticos que cooperavam com o regime cubano, e que defendiam um sistema de maior independência empresarial, conjugada com estímulos materiais estendidos aos trabalhadores e aos especialistas. Enquanto os soviéticos insistiam na conciliação e na coexistência, Che aprofundava e “esquerdizava” a sua retórica revolucionária.
Casou 2ª vez com uma cubana de quem teve quatro filhos. Não suportou o aburguesamento da sua vida e decidido a criar “um, dois ou três Vietnams”, abandonou tudo, prestígio, dinheiro, família, comodidade e vida fácil, partindo primeiro para o Congo (1965) onde fracassou a sua tentativa de fomentar a guerrilha, ao que me parece porque em África a guerrilha se baseava mais no tribalismo do que em lutas ideológicas. Desiludido seguiu para a Bolívia (1966), onde em contacto com o chefe do PC boliviano Mário Monje começou a organizar a guerrilha boliviana, donde pretendia fazer partir a revolução para a sua Argentina natal. Os contactos com os bolivianos não foram fáceis e não tiveram a adesão popular que esperava. Quando entravam nas aldeias e vilas, eram recebidos por olhares frios ou assustados. E, ao contrário do que acontecera em Cuba, em vez de angariar simpatia, eram vistos como intrusos que só traziam problemas para as comunidades.
Os chefes políticos locais, os corregidores, denunciavam às autoridades militares o roteiro da guerrilha, apontada como invasora apátrida. Nos primeiros dias de Outubro de 1967, exausto e doente, Che rumou definitivamente para o cerco e para a morte que o aguardava. No remoto vilarejo de La Higuera, sozinho e abandonado, terminou os seus dias de peregrino da revolução.
Bem ao contrário dos actuais terroristas, Che recorreu à luta armada para defender um ideal, utópico e radical, sem enveredar pelo injustificável caminho do terrorismo. Essa atitude e a sua própria origem burguesa, da pequena aristocracia rural argentina, contribuíram para a aura que irradiava a sua imagem.
Che Guevara foi porventura o mais romântico ícone político da minha geração. Concorde-se ou não com sua ideologia ou com a sua conduta política, no meu entender mereceu, e merece ainda, o maior respeito e admiração pelo idealismo, desprendimento material, coragem e espírito de sacrifício por um ideal que acabou por o conduzir à morte. Ao abandonar Cuba e a sua oligarquia e principalmente pela sua morte, o nome de Che foi como que preservado da enorme desilusão que foi a Revolução Cubana e do “socialismo” que pretendeu impor.
(Carlos F. Afonso)
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