Outros Carnavais
Passados 12 anos regresso a São Miguel em alturas de Carnaval.
Sempre achei que cá o espírito e as tradições Carnavalescas se mantinham. Quando cá cheguei estranhei a euforia com as festas de mascarados - na época, eram festas de crianças, mas cedo comecei a participar nas festas de adultos que, igualmente eufóricos, transfiguravam-se por uns momentos de diversão - e com a Batalha das Limas.
Para quem não sabe, as "limas" são uma espécie de ovos de cera, contendo água, de fabrico caseiro. Cada um em suas casas, ou em grupos, montam a sua linha de produção: parafina líquida deitada nas formas metálicas que depois de fechadas são chocalhadas; depois de seca a parafina está feito o ovo e é só furar, encher de água e fechar novamente para finalmente irmos batalhar.
A tradição das limas foi-se desvanecendo porque as noitadas de festas não deixavam muito tempo, e paciência (ou sobriedade), para tão laboriosa tarefa.
Apareceram então os sacos de plástico com água.
Mas a Batalha manteve-se na mesma, na tarde de terça-feira na Avenida Marginal, com os "dos prédios" a degladiarem-se com os "dos camiões" e outros, como eu, que se mantinham na rua.
Se as festas de mascarados se mantém iguais (pelo menos aquelas a que fui há 12 anos e que foi ontem), a batalha foi perdendo alguma da sua tradição para ganhar alguma brutalidade. Não raro as idas para o hospital com cabeças partidas e os olhos negros (e por uma unha negra, ou melhor, por uma lima toda de cera, quase perfurados) sucederam-se, a ponto de eu própria já não ter autorização para batalhar se não fosse com o capacete de esgrima do meu avô.
Este foi o Carnaval que eu conheci e que me marcou. Festas particulares ou não, com tema de máscara; organização de grupos de mascarados que se passeavam e batiam de porta em porta, em casa dos amigos, para serem "descobertos", "assaltos", ou seja, festas organizadas por um grupo de amigos, em casa de outros que, desta forma eram "assaltados"; tudo a culminar na batalha.
Eram estas as tradições que se mantinham e que espelhavam a cultura e vivência micaelense do Carnaval. Quando aqui escrevi que era a favor de tradições, era a tradições como estas que me referia.
Pelos vistos, e como muito bem analisa o Pedro no seu post "Carnavais, Ou de como a ditadura do pimba vai arruinar este país", alguém está a subverter todo este sistema, importando festejos e desfiles que não são nossos e que nada têm a ver com o espírito micaelense.
Destruição gratuita (não obstante os custos sejam suportados por todos nós) da tradição que eu não subscrevo.
Mas eu não sou eleitora em São Miguel....
Sempre achei que cá o espírito e as tradições Carnavalescas se mantinham. Quando cá cheguei estranhei a euforia com as festas de mascarados - na época, eram festas de crianças, mas cedo comecei a participar nas festas de adultos que, igualmente eufóricos, transfiguravam-se por uns momentos de diversão - e com a Batalha das Limas.
Para quem não sabe, as "limas" são uma espécie de ovos de cera, contendo água, de fabrico caseiro. Cada um em suas casas, ou em grupos, montam a sua linha de produção: parafina líquida deitada nas formas metálicas que depois de fechadas são chocalhadas; depois de seca a parafina está feito o ovo e é só furar, encher de água e fechar novamente para finalmente irmos batalhar.
A tradição das limas foi-se desvanecendo porque as noitadas de festas não deixavam muito tempo, e paciência (ou sobriedade), para tão laboriosa tarefa.
Apareceram então os sacos de plástico com água.
Mas a Batalha manteve-se na mesma, na tarde de terça-feira na Avenida Marginal, com os "dos prédios" a degladiarem-se com os "dos camiões" e outros, como eu, que se mantinham na rua.
Se as festas de mascarados se mantém iguais (pelo menos aquelas a que fui há 12 anos e que foi ontem), a batalha foi perdendo alguma da sua tradição para ganhar alguma brutalidade. Não raro as idas para o hospital com cabeças partidas e os olhos negros (e por uma unha negra, ou melhor, por uma lima toda de cera, quase perfurados) sucederam-se, a ponto de eu própria já não ter autorização para batalhar se não fosse com o capacete de esgrima do meu avô.
Este foi o Carnaval que eu conheci e que me marcou. Festas particulares ou não, com tema de máscara; organização de grupos de mascarados que se passeavam e batiam de porta em porta, em casa dos amigos, para serem "descobertos", "assaltos", ou seja, festas organizadas por um grupo de amigos, em casa de outros que, desta forma eram "assaltados"; tudo a culminar na batalha.
Eram estas as tradições que se mantinham e que espelhavam a cultura e vivência micaelense do Carnaval. Quando aqui escrevi que era a favor de tradições, era a tradições como estas que me referia.
Pelos vistos, e como muito bem analisa o Pedro no seu post "Carnavais, Ou de como a ditadura do pimba vai arruinar este país", alguém está a subverter todo este sistema, importando festejos e desfiles que não são nossos e que nada têm a ver com o espírito micaelense.
Destruição gratuita (não obstante os custos sejam suportados por todos nós) da tradição que eu não subscrevo.
Mas eu não sou eleitora em São Miguel....
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