domingo, janeiro 25, 2004

E de bisextos percebem eles...

O TEMPO FOGE...
O aumento da velocidade de rotação da Terra eliminou a necessidade de
introdução de um segundo bisexto em 2003.

A maior parte de nós ouviu falar de anos bisextos, mas sabia que existem
segundos "bisextos"? Tal como os anos bisextos, os quais permitem dar conta
dos 365,24219 dias que a Terra leva a completar uma órbita em torno do Sol,
os segundos bisextos são necessários para ajustar o tempo que o nosso planeta
leva a completar uma revolução em torno do seu eixo. Ora no ano de 2003 e
nos quatro anos anteriores, não foi necessário introduzir essa correcção
porque o nosso planeta tem vindo a rodar mais depressa.

Um segundo bisexto é um segundo adicionado à escala de tempo designada por Tempo
Universal Coordenado (UTC) para que esta coincida (a menos de 0,9 segundos)
com o tempo astronómico, o qual é baseado na rotação da Terra. UTC deriva de
relógios atómicos. Ao contrário da Terra, estes relógios não variam e por
isso é necessário utilizar segundos bisextos para manter as duas escalas em
concordância. Presentemente, a diferença entre tempo astronómico e UTC varia
à razão de 2 a 3 milisegundos por dia. Isto faz com que seja necessária a
introdução de um segundo bisexto ao fim de aproximadamente um ano. Só desta
forma se garante que o dia solar (que é definido astronomicamente) continua a
ter 24 horas (medidas pelos relógios atómicos).

O primeiro segundo bisexto foi introduzido em 30 de Junho de 1972. Depois
disso, os segundos bisextos têm sido introduzidos a 30 de Junho ou a 31 de
Dezembro. Quando isto ocorre, a sequência de eventos é: 23h59m59s...
23h59m60s... 00h00m00s, ou seja 23h59m60s é o segundo introduzido.

Desde 1999 que não foram introduzidos segundos bisextos. A razão é o aumento
da velocidade de rotação da Terra. Em geral, movimentos no núcleo da Terra,
o efeito de marés oceânicas e perturbações atmosféricas, e alterações na
forma da Terra têm afectado a velocidade de rotação da Terra, sendo a
tendência no sentido de uma diminuição da velocidade. Contudo, aconteceu o
contrário nos últimos cinco anos.

A rotação da Terra tem sido o relógio primário que serviu para calibrar os
outros relógios durante quase toda a história da humanidade. Só nos últimos
50 anos é que construímos relógios suficientemente precisos com capacidade
para detectar e medir variações da rotação da Terra.


(Adaptado de "Astronomy" pelo Observatório Astronómico de Lisboa Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa)

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