domingo, outubro 12, 2003

Ser ou não ser coerente?

A leitura de um comentário aqui deixado, leva-me a escrever sobre este tema como, de resto, já timidamente tinha anunciado há uns dias.
"PP & PP
Este Paulo Pedroso que, após quatro meses e meio de Reclusão Mí­nima Garantida (RMG) por ser arguido num processo de pedofilia, se prepara para reassumir de rosto em riste o seu lugar no Parlamento não será o mesmo que exigia, colérico, a demissão de Paulo Portas por este ser testemunha num processo de gestão danosa?
" (foi tirado daqui).
Sobre esta atitude concreta já tinha conversado com alguém ("xuxa", por sinal, mas coerente).
Paulo Pedroso, se efectivamente vier a assumir o lugar no Parlamento, irá contrariar uma atitude que o seu partido cultivou quando esteve no poder: a demissão das funções públicas em órgão de soberania independentemente da culpa formada ou apontada em processo próprio para o efeito. Bastou a notícia de certos factos, indiciadora de culpa ou não... Foi assim, por exemplo, com Jorge Coelho (e o desastre de Entre-os-Rios) e com António Vitorino (e a sisa).
Para mim, isto sim é uma questão de honra, por um lado, e de coerência, por outro. E uma e outra marcam as atitudes humanas.
Penso que podemos mudar de opiniões e de atitudes perante certas coisas e, ainda assim, não sermos incoerentes. Se o fazemos é porque talvez antes não tí­nhamos outras perspectivas da mesma realidade, não tí­nhamos o saber de experiência feito, não devíamos, sequer, ter tido a veleidade de ter opinião sem uma mí­nima consistência. Por mudarmos deixamos de ser conformes com o que antes pensávamos ou fazíamos, mas passamos a estar mais consistentes. E ainda assim não nos tornámos num Ser incoerente. Basta que nos valores em que acreditamos não mudemos. E reconhecermos os erros (de atitude ou de pensamento) quando os cometemos.
Mas na politica, e salvo raras excepções, não é assim. Quem devia fazer assentar as suas propostas e iniciativas em valores e em opinões já sólidas e ponderadas não o faz (e isto para mim não é surpresa alguma, daí­ que não confie minimamente nestes senhores) e depois presta-se a ideias e atitudes ridí­culas.
E como incoerências conheço a quem está na polí­tica (e, sobretudo, com hipótese de por aí chegar a esse poder), ou a quem, não sendo polí­tico, gosta de ter poder, pensando que o tem ou sem inteligência para o ter, vou continuar neste posto...de observação.

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