Ponta Delgada – Vandalismo Cultural ou Desenvolvimento? - XXV
Vista aérea do antigo Cais. O Cais Velho, as Portas da Cidade e a Varanda de Pilatos à esquerda. A Fonte dos Navegantes com a sua arcaria e à direita o edifício da Alfandega e o Cais da Alfandega. De notar as casas da Rua dos Mercadores todas viradas de costas para o mar e protegidas por fortes muralhas. Um pouco para a esquerda no alto da fotografia o Convento de S. João e a sua extensa cerca ainda intactos.
Cais Velho no séc. XIX , estando já construído o Aterro, vendo-se atrás do coreto a Cervejaria Roberto bonito exemplar do fim do séc. que me lembro ainda de frequentar nos anos 50.
No local onde está o Coreto era onde se situava o Forte do Açougue que era de escassa dimensão e construído em alvenaria. Tinha três canhoneiras e duas casas telhadas, servindo uma de paiol e arrecadação e outra para a guarnição e outra de quartel para a guarnição. Já não existia em 1885 (Coronel Rodrigo Álvares Pereira, Monumentos Histórico Militares Micaelenses, Insulana, Vol. III nº 3 e 4 – 1946
Planta de 1802 desenhada em 20 de Julho de 1802 por Ignácio Joaquim de Castro, Governador e Coronel de Artilharia nesta Ilha que mostra como era o cais antes da obra de construção do novo Cais do Mar em 1831.
Notar que existia no séc. XVIII uma Travessa entre o actual edifício do Banco de Portugal e o seguinte que conduzia a um edifício voltado para a “caldeira” do porto e que se situava por detrás dos açougues e que está identificado como Forte dos Açougues aproximadamente no local onde se situava o Café Roberto.
Na legenda da Planta lê-se :
“Depois do referido dia 20 de Julho de 1802 o mencionado Governador da Ilha fez ajuntar na sua caza o Corpo de Negociantes os quais deram 400$000 para desentulhar a dita caldeira, o que conseguiu o mesmo Gov. de sorte que hoje presentemente se acha dezembaraçado o Cais do Mar para se poder embarcar e dezembarcar com muita satisfação do público”
Planta de 1832, já referida no início deste trabalho, onde se vê o Cais Novo construído e desentulhado.
Notar que a Travessa do Arco conduzia pelo nascente ao Cais Novo. O edifício antigo da Misericórdia está assinalado, vendo-se que ocupava todo o quarteirão até à actual António Joaquim Nunes da Silva (antiga Rua de S. João de Deus) e a Rua do Aljube não descia até ao Largo Vasco Bensaúde (antigo Largo da Misericórdia) mas sim continuava-se pela Travessa do Aljube até à Rua Manuel Inácio Correia, então do Valverde, onde está assinalada a destruída Ermida de Nossa Senhora da Boa Morte.
Actual localização do pitoresco Café Roberto, no último edifício com arcadas à esquerda, recoberto de azulejos, agora transformado em armazém, num beco imundo chamado Beco do Aterro e ”enterrado”pelos desinteressantes edifícios que o esconderam.
Carlos F. Afonso
<< Home